A sustentabilidade ganha cada vez mais notoriedade. A procura pelo desenvolvimento sustentável está permeando todas as áreas de produção do planeta.
No que diz respeito à agricultura, foi desenvolvido pelo Colégio Suíço de Agricultura a metodologia RISE. A ferramenta é voltada para propriedades agropecuárias, aplicável nos diversos setores do agronegócio.
Para avaliar e garantir a eficácia do método suíço, de aplicação de indicadores de sustentabilidade, a economista Alice Aloísia da Cruz desenvolveu, no mestrado realizado no Programa de Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), um estudo sobre a ferramenta que, de acordo com a autora, poderá no futuro ser utilizada pelo agropecuarista brasileiro.
O trabalho teve orientação de João Gomes Martinez Filho, docente do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) e, segundo a pesquisadora, este método já foi aplicado em vários países como, México, China, Nova Zelândia, Venezuela e no Brasil. “Não havia nenhuma pesquisa divulgada sobre a aplicação deste método no Brasil até então”, comenta Alice, lembrando que a pesquisa foi realizada em parceria com a Dairy Partiners Americas (DPA), joint venture entre a suíça Nestlé e a neozelandesa Fonterra, durante as aplicações nas propriedades fornecedoras de leite para a empresa.
Com o objetivo de divulgar este indicador no Brasil, a economista teve como base para o trabalho as revisões bibliográficas sobre o assunto e as informações disponibilizadas pela empresa sobre as 10 aplicações realizadas no país. Na prática, o método consiste na aplicação de um questionário com cerca de 600 perguntas. Coletada estas respostas, os indicadores consideram três dimensões: econômica, ambiental e social. “Esta etapa deve ser realizada com uma pessoa que conheça a propriedade em todos os seus aspectos. Se aplicado com uma pessoa que não esteja inteirada sobre o funcionamento da propriedade, a etapa de coleta pode levar de dois a três dias”, afirma.
A segunda etapa é o que Alice denomina determinação de faixas de sustentabilidade. As respostas do questionário são computadas por meio de um software do Colégio Suíço de Agricultura, ainda não liberado para os produtores, que gera médias entre 10 parâmetros diferentes da propriedade, uma pontuação. “Estas faixas são compostas por diferentes pontuações. Abaixo de 33, a sustentabilidade está em nível problemático. De pontuação 34 a 66 significa que a propriedade está em um nível crítico. A partir de 67, o nível é considerado positivo, e a pontuação 100 representa o nível mais alto de sustentabilidade”, explica.
Na conclusão, o estudo reforça que, apesar da metodologia precisar de alguns ajustes, ela já é considerada muito boa para o agricultor. Acrescenta ainda que, como foi aplicado em países diferentes, o indicador garante a comparação da sustentabilidade na agricultura em várias partes do mundo. “O RISE capta informações relevantes e pontos de vista interessantes e poderá ser empregado tanto para grandes propriedades quanto para o pequeno produtor. Hoje em dia a pressão social no que se refere à aplicação de práticas sustentáveis é muito grande e logo o consumidor vai procurar seus produtos em função da sustentabilidade. Então empregar ferramentas como o RISE acabará se tornando um diferencial para o próprio produtor”, conclui.
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