Nesta época do ano os pecuaristas começam a se preocupar com as infestações de carrapatos em rebanhos. O carrapato é um artrópode da ordem dos ácaros, classificado nas famílias Ixodidae ou Argasidae. São ectoparasitas hematófagos (alimentam-se por sangue), são responsáveis pela transmissão de inúmeras doenças como Tristeza parasitária bovina ou Babesiose.
O nome "Tristeza" representa bem o quadro que se vê quando um bovino está sofrendo de babesiose ou anaplasmose. Estas doenças são causadas por microorganismos que parasitam o interior dos glóbulos vermelhos (hemácias) dos animais, gerando sintomas sérios como forte anemia e apatia.
O controle pode ser feita por duas formas conforme um estudo realizado pela Embrapa:
1) Controle do carrapato fora do hospedeiro:
Ainda que pouco utilizado, o controle do carrapato fora do animal pode ser realizado por meio de rotação de pastagens, queima de pastagens, introdução de pastagens com poder de repelência e ação letal ao carrapato, alteração de microclima, implantação de lavoura, uso de agentes biológicos etc.
A rotação de pastagens consiste na retirada dos animais das mesmas até que todas, ou pelo menos a maioria das larvas, sejam eliminadas por causas naturais. Um bom descanso seria em torno de 40 dias na primavera/verão e 60 dias no outono/inverno.
Algumas variedades de forrageiras têm influência na sobrevivência das larvas nas pastagens pela formação de um microambiente, em função da forma de crescimento, desenvolvimento e, também, pelas características específicas de cada uma, ora repelindo as larvas, ora matando-as. Dentre estas últimas, pode-se citar o capim-gordura, Andropogon, o capim-elefante, Stylosanthes etc.
A implantação de lavoura, apesar de ser utilizada com o objetivo de recuperação ou renovação de pastagens, é uma prática que indiretamente auxilia o controle do carrapato.
A queima e a aplicação de acaricida nas pastagens hoje são alternativas pouco recomendáveis por causarem grandes danos à fauna e flora e, na maioria das vezes, não são práticas e até mesmo antieconômicas.
2) Controle do carrapato sobre o hospedeiro:
O controle do carrapato sobre o hospedeiro pode ser realizado por meio de feromônios associados a substâncias tóxicas, machos e fêmeas estéreis, mecanismos genéticos, raças resistentes, vacinas e uso de carrapaticidas.
Dentre as formas de combate supracitadas, exceto as raças resistentes e o uso de acaricidas, as demais estão em fase de experimentação ou validação e ainda não se constituem em alternativas viáveis para o controle do carrapato. As informações da eficácia destes métodos são ainda insuficientes.
A utilização da resistência do hospedeiro tem como base o uso de raças resistentes ao carrapato, do cruzamento entre raças, da seleção entre e dentro de raças. Assim, o produtor ao explorar raças européias pode, dentre estas, selecionar a mais resistente e/ou os animais mais resistentes dentro da mesma raça.
O carrapaticida é a opção que melhor resultado oferece ao produtor no combate ao carrapato.
A escolha e o uso correto, assim como a mudança de produto quando necessário, são fatores preponderantes para a obtenção dos resultados esperados, pois o desenvolvimento de populações de carrapatos resistentes tem ocorrido, historicamente, após algum tempo de uso da maioria dos carrapaticidas lançados no mercado.
Os três mais recentes grupos químicos de produtos contra o carrapato que se encontram disponíveis hoje no mercado são: as formamidinas, os piretroides e as avermectinas. Entretanto, ainda, encontram-se à venda, e com bons resultados, alguns produtos de um grupo mais antigo, os organofosforados.
A aplicação dos carrapaticidas se faz por meio de pulverização, imersão, dorsal (pour-on) e injeção (caso das avermectinas). Cada método apresenta suas vantagens e desvantagens e a escolha depende da região, tipo de criação, manejo, número de animais, custo etc.
Por exemplo, as pulverizações manuais são mais indicadas para as propriedades com poucos animais, enquanto que os banheiros de imersão são para aquelas com grande número de animais. Já a aplicação utilizando processo mecânico ou pour-on vai depender do número de animais e do grau de tecnologia da propriedade, assim como do custo.
Em qualquer dos métodos empregados, é de fundamental importância o período residual do produto, para que as aplicações sejam realizadas com intervalos de 14 ou 21 dias. O número de banhos com estes intervalos vai depender da redução almejada e da densidade populacional.
Existem duas alternativas de épocas de aplicações dos carrapaticidas:
a) aplicar o primeiro banho em setembro/outubro (início das chuvas) repetindo-se a operação mais três vezes em intervalos de 14 ou 21 dias ou, após o primeiro tratamento, transferir os animais para pastagens limpas de carrapatos;
b) a aplicação de uma série de cinco ou seis tratamentos a intervalos de 21 dias no período de janeiro a março. O primeiro método atuaria sobre a primeira geração e, o segundo, sobre a geração mais curta do carrapato.
Nas áreas tropicais, os carrapatos são menos vulneráveis, uma vez que a sua reprodução é contínua. Neste caso, para um controle eficiente do carrapato, são recomendados os banhos planejados, associados à rotação de pastagens, à resistência genética dos bovinos e descarte dos animais mais parasitados.
Os criadores de zebuínos, em condições extensivas, não têm muito que se preocupar com este parasito, a não ser com animais jovens e nas situações especiais de manejo. Já quem explora os taurinos, por serem mais suscetíveis ao parasitismo, terá a infestação aumentada e, consequentemente, deverá efetuar algum tipo de controle.
A correta aplicação dos carrapaticidas quanto à concentração, dose, época, intervalo etc., enfim, respeitando todas as recomendações técnicas, é a única forma capaz de retardar por tempo considerável o surgimento de populações de carrapatos resistentes aos carrapaticidas.
Quando algum produto, aplicado de forma correta, não causar a morte dos carrapatos é o primeiro sinal do aparecimento da resistência. Neste caso, o produtor deve buscar orientação técnica para que se proceda o teste de sensibilidade dos carrapatos aos carrapaticidas, denominado de "testes de biocarrapaticidograma", evitando-se assim, prejuízos maiores.
Indicações de carrapaticidas para Bovinos:
SUPRAMEC POUR-ON 01LT
CYPERCLOR PLUS POUR-ON 01 LITRO
CYPERMIL POUR ON 01 LITRO
LONTAL POUR-ON 01LT
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