quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Simuladores ajudam na colheita de cana, mas usinas ainda aguardam resultados


Será na primeira semana de fevereiro, durante a edição 2013 do Show Rural Coopavel, que o grande público finalmente irá conhecer o simulador para treinamento para a colheita mecanizada de cana-de-açúcar da John Deere



"O simulador foi apresentado no último mês de outubro para um grupo de clientes da marca e, em fevereiro, no Show Rural Coopavel, no Paraná, será a primeira apresentação para o público em geral", conta o gerente de marketing cana da empresa, Cristiano Trevizam.

Com 85% da colheita da produção Centro-Sul mecanizada - número que, segundo dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) representa um crescimento de 51% em dez anos e que, pelo menos no estado de São Paulo, deve chegar a 100% até 2014, devido ao Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético –, o lançamento chega ao mercado como mais uma alternativa para otimizar a formação de operadores, competindo com o simulador apresentado em 2011 pela Case IH.

O objetivo das duas empresas, porém, é o mesmo: diminuir o tempo de treinamento, evitar danos às máquinas e aumentar a produtividade. "Com o simulador você diminui o gasto de combustível e evita danos ao canavial, que é um cultivo caro", exemplifica Trevizam. Além disso, o produtor pode realizar o treinamento em qualquer período do ano, sem prejudicar o cronograma da colheita, e reciclar o conhecimento de operadores já treinados.

Respostas do mercado

Enquanto parte do público estiver entrando em contato com o simulador da John Deere pela primeira vez, as unidades produtoras da Raízen, empresa criada a partir da joint venture entre o grupo Cosan e a Shell, estarão iniciando sua primeira turma de treinamento de operadores com o uso deste equipamento.

"Atualmente os novos operadores iniciam como auxiliares de operações mecanizadas trainee, passando por um programa teórico com uma carga de 68h. Na parte prática, estes operadores iniciam observando os operadores mais experientes e vão gradativamente aumentando o tempo operando a máquina de forma assistida", explica o diretor de RH da empresa, Luis Veguin.

A expectativa é de que haja uma redução de 200 horas na parte prática da formação, que dura hoje, ao todo, cerca de um ano. "Isto se torna cada vez mais necessário, considerando que atingiremos 95% da colheita mecanizada em três anos", afirma Veguin.

O Grupo USJ também resolveu apostar na nova tecnologia e, a partir de junho, formará operadores com a ajuda de um simulador da Case IH na Usina São Francisco, em Quirinópolis (GO).

Para o gerente executivo e responsável pela produção de cana do grupo, Humberto Carrara, o simulador permite que o operador em treinamento opere uma colhedora com todos os seus acessórios, diferentes níveis de complexidade e variadas condições de colheita, além de possibilitar o acompanhamento e o aperfeiçoamento das habilidades deste operador. "Até agora, a única maneira de preparar um operador de colhedora era em operação real, aprendendo por tentativa e erro", diz Carrara.

O custo do simulador, conforme apurou o portal novaCana.com, gira em torno de 20 a 30% do valor de uma colhedora. Embora não estejam disponíveis números consolidados, o investimento deve compensar pelos benefícios gerados com a redução de custos de manutenção dos equipamentos e ganhos com o rendimento operacional.

Cautela

Mesmo assim há quem prefira esperar resultados mais concretos antes de adotar o novo método de treinamento. O diretor agrícola da paranaense Sabaralcool, Victor Rezende, afirma que, por enquanto, a empresa não tem interesse em comprar simuladores, porque os resultados com treinamento teórico em sala e acompanhamento no campo têm sido satisfatórios.

"Levamos em torno de duas safras para termos um operador com rendimento e qualidade satisfatórios, mas esse aprendizado só ocorre trabalhando com todas as variáveis, como cana com e sem palha, solo argiloso, solo arenoso, soqueira alta, umidade no solo, umidade na planta, etc...", explica. Para Rezende o custo do método empregado hoje também não é alto, já que o material é compilado e o treinamento organizado por uma equipe da própria empresa.

"A tecnologia do simulador é muito recente e ainda não há como comparar [com o método tradicional]", comenta o diretor agrícola da Sabaralcool. Porém, caso seja comprovada a eficiência da nova tecnologia, Rezende não hesita em dizer que a empresa pode rever essa posição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário