quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Avanço da mecanização incentiva adoção de tecnologias de última geração em SP

2013, último ano em que será permitido o uso do fogo controlado para realizar a colheita da cana em áreas com declividade inferior a 12 graus no Estado de São Paulo

Em 2013, último ano em que será permitido o uso do fogo controlado para realizar a colheita da cana em áreas com declividade inferior a 12 graus no Estado de São Paulo, algumas usinas, entre elas a São Martinho, em Pradópolis, e a Santa Adélia, em Jaboticabal, estão apostando em uma tecnologia de ponta: simuladores de máquinas colheitadeiras, equipamento que aprimora o treinamento de trabalhadores rurais que futuramente trocarão o corte manual da planta pela colheita mecanizada. Para o diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, o simulador, fabricado pelas empresas Case IH e John Deere, semelhante aos usados pelos pilotos de avião, é um recurso importante no processo de requalificação de uma mão-de-obra cuja atividade já foi mecanizada em 65,2% dos canaviais paulistas.

“Esta inovação tecnológica é um resultado direto do compromisso das usinas com a produção sustentável, requalificando mão de obra rural e cumprindo todas as metas estabelecidas no Protocolo Agroambiental, que prevê o fim da queima da palha de cana em áreas planas em 2014, e em 2017 nas com inclinação superior a 12 graus,” observa Rodrigues. Com o avanço da mecanização e a crescente demanda por profissionais capacitados a operar máquinas colheitadeiras, Padua acredita que os novos simuladores desenvolvidos no Brasil podem acelerar o aprendizado dos futuros operadores do equipamento.

Reproduzindo o som ambiente e o cenário de um canavial por meio de imagens tridimensionais, a nova cabine virtual proporciona mais segurança e confiança aos novos operadores no momento em que assumirem as máquinas de forma efetiva. O diretor Agrícola da Usina Santa Adélia, Luis Marcelo Spadotto, concorda que apesar do novo equipamento não dispensar o treinamento do colaborador na lavoura, “ele oferece uma base prática bem estruturada para o profissional em formação, diminuindo a margem de erros no manuseio das colheitadeiras.”

Segundo o gerente de Marketing Cana da John Deere, Cristiano Trevizam, outra grande vantagem do simulador é que, "por ser portátil, pode treinar diversas equipes inclusive durante a entressafra da cana." O equipamento foi lançado pela marca em outubro do ano passado para colheitadeiras da série 3520.

O gerente de Colheita e Manutenção Agrícola da Usina São Martinho, Luiz Alberto Henriques, acrescenta que o recurso virtual diminui riscos de acidentes e traz economia de combustível, já que há redução no consumo em máquinas que deixam de ser usadas no treinamento dos trabalhadores. “Economiza-se tempo, aprimoram-se os treinamentos e o aprendizado. Incentivamos e promovemos a segurança no trabalho,” avalia.

O especialista em Marketing de Produtos para Cana-de-Açúcar da Case IH, Fábio Balaban, cuja companhia apresentou o simulador da série A8000 pela primeira vez em maio de 2011, revela que a empresa já comercializou 15 modelos até o final do ano passado. “O simulador já foi vendido para algumas usinas, tivemos 10 unidades que foram entregues até o final do ano passado além de outras cinco para entidades de ensino como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar),” informa. Para 2013 o simulador já está disponível para venda em todas as concessionárias Case IH no Brasil. O preço do equipamento não foi divulgado pelo fabricante.

Compromisso social

Nos últimos anos, o setor sucroenergético vem se destacando pelo investimento pesado não apenas em inovação tecnológica, mas também em políticas e ações voltadas à produção sustentável da cana-de-açúcar. Além de cumprir as metas do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético, acordo assinado em 2007 por representantes do Governo de SP, empresários e trabalhadores rurais, outro objetivo é a requalificação da mão de obra no campo.

A gerente de Responsabilidade Social Corporativa da UNICA, Maria Luiza Barbosa, revela que de fevereiro de 2010 a dezembro de 2012, mais de 21,7 mil trabalhadores da indústria canavieira aprenderam uma nova profissão, como a de Operador de Colheitadeira, Motorista Canavieiro, Soldador, Eletricista e Mecânico.

“Os cursos, oferecidos pelas próprias usinas, foram criados nos moldes do Projeto RenovAção, que, sozinho, é responsável pela formação de 26% (5,7 mil pessoas) de todo o contingente requalificado até o final do ano passado,” realça Barbosa. Lançado em 2009 pela UNICA em parceria com a Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), o RenovAção tem como parceiros o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Fundação Solidaridad e as multinacionais Case IH, FMC, Iveco e Syngenta.

Técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Centro Paula Souza coordenam o treinamento teórico e prático dos cursos do RenovAção, realizados em seis das maiores regiões produtoras de cana-de-açúcar do Estado de SP: Ribeirão Preto, Piracicaba, Bauru, Araçatuba, São José do Rio Preto e Presidente Prudente.

Quase 80% dos participantes dos 30 cursos oferecidos já se recolocaram no mercado de trabalho, e o aumento médio na renda destes trabalhadores foi de 61%. Com mais de 1,2 milhão de empregos diretos gerados pelo setor sucroenergético no Brasil, cerca de 500 mil são alocados em atividades rurais vinculadas exclusivamente ao cultivo da cana-de-açúcar. Apenas o Estado de SP abriga mais de 20% dessa mão-de-obra, ou cerca de 110 mil trabalhadores. 

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