quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Pesquisa da USP aponta áreas onde cultivo de cana-de-açúcar é viável

Proposta da tese elaborada em São Carlos (SP) é orientar os produtores.
Estudo levou em consideração tipo de solo e preço de terra arrendada.



Uma tese de doutorado da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos (SP), pode ajudar a planejar melhor a expansão do cultivo de cana-de-açúcar, uma das melhores alternativas de renda para os produtores rurais. A pesquisa aponta em quais cidades o cultivo é mais viável economicamente e mostra a mudança de cenário do agronegócio no interior de São Paulo.

Na região de Araraquara, por exemplo, o plantio tem aumentado. A área plantada nesta safra foi 5,76% maior que a anterior. A fazenda administrada por Almir Rogério Armando era produtora de gado, mas a maior parte do pasto virou canavial há cinco anos. Segundo ele, o dinheiro falou mais alto. “Teve uma proposta boa da usina e a área que dava para plantar cana, arrendamos para a usina”, diz.

O contrato para fornecimento da cana para a usina acabou de ser renovado por mais cinco anos. O cultivo só não aumentou por falta de espaço e a cana já ocupa mais de 80% da propriedade de 184 hectares.

A proposta da tese, produzida por José Eduardo Holler Branco (foto) , é orientar o agricultor que quer entrar no setor canavieiro ou aumentar a produção. O chamado mapa da cana do Brasil, que indica as melhores regiões para investimento, leva em consideração o tipo de solo, propício para o desenvolvimento da cana, o preço da terra arrendada e a infraestrutura de transporte para escoar a produção.

Demanda de consumo

O pesquisador chegou aos resultados depois de analisar também a demanda de consumo de açúcar e álcool no país e no exterior. Hoje, o Estado de São Paulo é o maior produtor, com 390 milhões de toneladas de cana, e é também o estado com maior potencial de expansão. Até 2021 a previsão é atingir pelo menos 220 milhões de toneladas.

“É em função de sua produtividade maior, de suas áreas e também em função da sua localização, apresentando competitividade logística bastante acentuada, que o modelo acabou recomendando um volume expressivo de aumento da produção de cana ainda no estado de São Paulo”, afirma o autor da pesquisa.

Segundo Branco, em nove anos, a produção de cana no Brasil vai dobrar. O mapa apresenta todas as áreas com potencial de expansão, incluindo o Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Bahia, Tocantins e Maranhão. A lista inclui também Araraquara, Casa Branca(SP), Jardinópolis (SP), Araras (SP), Brotas (SP), Piracicaba (SP) e São Carlos.

“Você consegue identificar qual seria a distribuição espacial mais racional para a produção de cana-de-açúcar e essa é uma informação importante para que agentes do setor ou os próprios investidores consigam direcionar melhor os investimentos, escolher as áreas mais adequadas”, diz o pesquisador.
O estudo vem ao encontro da expectativa do setor, segundo o representante das usinas da região Centro Sul do país. Até dezembro foram processadas 531,35 toneladas de cana, número 7,74% maior que a safra anterior.

“Ainda existem projetos em estudo que apontam o olhar para essas regiões onde existe essa hipótese de terra disponível para agricultura”, diz Sérgio Prado, representante da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica). “Agora, o foco do setor também tem que levar em conta o investimento em produtividade, ou seja, produzir mais na mesma área”, considera.

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