segunda-feira, 12 de maio de 2014

Resultado do exame do caso da Vaca Louca em Mato Grosso é considerado inconclusivo

Devido a doença, dois países já embargaram a carne bovina brasileira



Foi classificado como "inconclusivo" o caso do Mal da Vaca Louca, em Porto Esperidião, município do sudodeste de Mato Grosso. O resultado da contraprova, feita no laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Weybridge, na Inglaterra, foi encaminhado nesta sexta, dia 9, ao governo brasileiro.

O resultado – segundo uma fonte – aponta que a amostra enviada à Inglaterra não possuía qualidade suficiente para um resultado totalmente seguro. Segundo a mesma fonte, o documento aponta que existe "indicativo de uma base atípica". Ainda não existe confirmação da disponibilidade de uma nova amostra do animal para a realização de um novo exame. Caso isso não seja possível, o resultado deve permanecer como inconclusivo.

O Ministério da Agricultura estava confiante que o resultado do exame traria a classificação de um caso atípico, conforme o teste realizado pelo Laboratório Nacional Agropecuário de Pernambuco (Lanagro-PE). O principal argumento de defesa do governo para tentar manter o status de “risco insignificante” da OIE é de que o animal, de 12 anos, foi criado exclusivamente em sistema extensivo. 

Além disso, outros 49 bovinos que tiveram contato com a fêmea doente foram abatidos no dia 26 de abril e apresentaram resultado negativo para a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), nome científica da doença. Ao todo, os animais renderão uma indenização de cerca de R$ 1,5 mil – cada – ao criador. Os recursos virão do Fundo Emergencial de Saúde Animal de Mato Grosso (FESA). O fundo, que é privado, recebe contribuições dos criadores no momento do abate.
 
Até a noite desta sexta, dia 9, dois países já embargaram a carne bovina brasileira. O governo peruano suspendeu por 180 dias as importações de carne bovina e derivados do Brasil. O segundo foi o Egito, que também suspendeu a importação por 180 dias, mas somente do Estado de Mato Grosso. Esses embargos devem ser seguidos por outros países, a exemplo do caso também atípico de vaca louca no Paraná em 2010. Quando o exame foi divulgado, em 2012, 16 países embargaram a carne brasileira. 
 
No ano passado o Peru ficou no 68º lugar entre os importadores de carne bovina brasileira, com destaque para as compras de miúdos. No ano passado as importações recuaram 80% em relação a 2012. A queda foi provocada pelas restrições impostas no início do ano passado, após a divulgação pelo governo brasileiro de um caso atípico de Vaca Louca que ocorreu no Paraná em 2010. O caso do Paraná, que foi comunicado em dezembro de 2012, provocou a suspensão das compras por 16 países, o que pode se repetir neste ano.

Em 2013, o Egito se posicionou como o 5º maior nas exportações brasileiras, totalizando US$ 437 milhões entre carne desossada, in natura, congelada e miúdos. Deste valor, US$ 116 milhões foram enviados pelas indústrias mato-grossenses. Das exportações brasileiras de carne bovina em 2013, Mato Grosso respondeu por 18%.

No final desta tarde, a assessoria do Ministério da Agricultura divulgou uma nota reforçando que, o resultado do exame indica se tratar de um caso atípido, apesar de não haver um diagnóstico conclusivo que possa ser usado para classificá-lo de forma inequívoca até o momento.

• Veja alguns trechos da nota:

“As informações observadas e o exame (immunopathology) não mostram nenhuma das características que apontariam para um caso clássico da enfermidade. Ao contrário, reforçam a consistência de um caso atípico.

A manifestação do laboratório corrobora com as investigações epidemiológicas desenvolvidas a campo de que se trata de um caso espontâneo e previsível, que não tem qualquer correlação com a ingestão de alimento contaminado, e que pode ser detectado em qualquer país do mundo que tenha um sistema de vigilância robusto e transparente como o do Brasil.

Todas as ações previstas em protocolos do Brasil e do exterior foram seguidos à risca, lembrando que tomamos ainda cuidados extras, como exames para EEB em 49 bovinos contemporâneos ao caso atípico em questão, que culminaram com resultados negativos, como era de se esperar.

As embaixadas brasileiras e o serviço veterinário oficial do Brasil já estão preparados para fornecer quaisquer esclarecimentos aos parceiros comerciais que os solicitem ou que eventualmente criem restrições comerciais temporárias”.

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