sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Fiscais agropecuários federais entram em greve em todo o país

Categoria reivindica melhores condições de trabalho e pede exoneração de secretário


A quinta-feira, dia 29, foi marcada por manifestações dos fiscais agropecuários federais por todo o país. Apenas os profissionais do aeroporto de Viracopos, em São Paulo, e do Porto de Paranaguá, no Paraná, não aderiram à paralisação da categoria. Os fiscais pedem melhores condições de trabalho e exigem a imediata exoneração do novo secretário de Defesa Agropecuária, Rodrigo Figueiredo.

Em São Paulo cerca de 50 fiscais promoveram um protesto na Avenida Paulista e distribuíram folhetos e bananas a quem passava. A ação teve como objetivo chamar a atenção para as reivindicações da categoria, que reclama das indicações com teor político para o quadro social do Ministério da Agricultura.

– Estas indicações de cargo por pessoas que não são da área... um advogado, hoje, assumir a Secretaria de Defesa Agropecuária, ele não tem nenhum conhecimento disto. É a secretaria mais importante que nós temos dentro do Ministério da Agricultura, que responde pelo agronegócio, a segurança alimentar – pontua Ronaldo Carvalho, secretário geral da delegacia regional de São Paulo.

Outra reivindicação é a realização de concurso público. O Brasil tem hoje 3.884 fiscais agropecuários.

– Nós estamos aí com falta de concurso público também. Trabalhando, cada fiscal fazendo função de dez. Com número de aposentadorias muito grande, e sem reposição. O que precisa é concurso público, e já, imediatamente. Nós precisamos de no mínimo 6 mil fiscais para compor nosso quadro para dar atendimento ao Brasil, em nível nacional e internacional, porque nós trabalhamos com segurança alimentar – justifica Carvalho.

A alternativa dada pelo governo desagradou a categoria. O Ministério da Agricultura contratou por R$ 5,5 milhões o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial (Idecan) para realização do concurso público. Além de questionar a escolha, os fiscais exigem a criação de uma escola de formação para fiscais agropecuários.

– Já tem uma portaria nesse sentido, a 376, e foi revogada pelo secretário executivo, então nós estamos a zero nisto aí. E é importante nós termos uma escola, porque ali mostra para o fiscal o que ele vai ter na vida profissional dele, eticamente e moralmente. A pessoa entra lá e sabe como vai lidar – diz Ronaldo Carvalho.

Desde o dia 16 os fiscais estavam numa paralisação de ocupação que nesta quinta passou a ser uma greve geral. Na sexta-feira a greve continua. Os serviços em todo Brasil estão suspensos. Em Mato Grosso a categoria distribuiu trezentos litros de leite junto com panfletos com as reivindicações da categoria, num ato para tentar chamar a atenção da sociedade sobre a importância dos trabalhos feitos pelos fiscais do Ministério da Agricultura.

– O objetivo nosso com essa doação de leite é de mostrar para a população que por trás de um leite de qualidade, existe o trabalho de um fiscal agropecuário, e mostrar também que o motivo do nosso protesto é em virtude de algumas indicaçõs políticas em cargos extremamente técnicos dentro do Ministério da Agricultura e os cortes orçamentários por parte do governo federal – afirma a fiscal Leni Rosa Filho.

Além da entrega de leite, os fiscais federais responsáveis pela certificação das carnes que saem dos frigoríficos cruzaram os braços. Sem o selo do SIF, o Serviço de Inspeção Federal, nenhum quilo de carne pode sair das câmaras frigoríficas para o comércio.

– Até agora o governo não disse nada. Por isso tomamos como medida paralisar as inspeções de abate – diz Nilo Silva do Nascimento, delegado nacional do Sindicado dos Fiscais Agropecuários de Mato Grosso.

Se o governo não se pronunciar, os fiscais prometem ir além. Eles ameaçam paralisar as atividades de inspeção dos abates, o que poderia paralisar toda a atividade dos frigoríficos. Por dia, 17 mil cabeças deixariam de ser abatidas no Estado. Para Jovelino Borges, secretário executivo do Sindicado das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso, os prejuízos que as empresas terão se não houver certificação da carne podem ser milionários.

Apoio de fiscais estaduais
A Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro) divulgou nota de apoio ao movimento dos fiscais federais, reiterando que "decidiram não assumir, em hipótese alguma, as atividades dos fiscais federais agropecuários, pois entendem que há a quebra do Pacto Federativo, dos princípios básicos da ocupação de cargos públicos através de concurso público, da eficiência, da legalidade e do cerceamento da liberdade constitucional do exercício de greve, assegurado a todo trabalhador".

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