terça-feira, 6 de agosto de 2013

Conheça os principais resíduos agropecuários capazes de diversificar a matriz energética brasileira

O reaproveitamento de resíduos de biomassa é uma das soluções para diversificar a matriz energética. No Brasil, vários elementos vegetais são apontados como ricas fontes para produzir energia elétrica e térmica.

A biomassa é uma das fontes de produção de energia com maior potencial de crescimento, segundo o Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Ela é apontada como alternativa para a diversificação da matriz energética em todo o mundo. Seu desenvolvimento está atrelado à necessidade de redução da dependência de resíduos fósseis, como o petróleo e o carvão, assim como de fontes renováveis que geram alto impacto ambiental, como a hidroeletricidade, além de favorecer a destinação sustentável para resíduos urbanos, industriais e agrícolas.

Qualquer matéria orgânica capaz de ser transformada em energia mecânica, térmica ou elétrica é caracterizada como bioenergia, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Pode ser de origem agrícola, como grãos e resíduos da suinocultura; florestal, como a madeira; ou rejeitos urbanos e industriais. A agricultura representa 33% do potencial energético da biomassa no país, enquanto resíduos de atividades florestais correspondem a 65%.

Palhas, cascas de frutos e árvores, cereais, bagaços, resíduos de podas e rejeitos madeireiros apresentam grande potencial para geração de energia elétrica. Porém, alguns tipos de biomassa acabam não tendo grande aplicação, por conta dos custos logísticos de coleta e transformação. Conheça alguns dos principais produtos vegetais brasileiros que podem ser usados na produção de energia:

1. Bagaço de cana-de-açúcar

Resultado da colheita da cana-de-açúcar para o setor sucroenergético, para produção de etanol e açúcar, o bagaço da planta é uma das principais fontes de produção de energia renovável a partir da biomassa no Brasil. Corresponde a 16% da oferta de energia interna, conforme o Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio).


A ponta e palha da planta também são utilizadas em lavouras onde o processo de colheita é mecanizado. Os resíduos são queimados em caldeiras, e o vapor impulsiona as turbinas que irão gerar a energia elétrica. De acordo com a Aneel, 370 usinas usam esta fonte para suprir toda a demanda de produção térmica e elétrica durante o período de safra. A produção média é de 8.974. 912 Quilowatts (kW), o que equivale a 6,77% da produção brasileira. Parte das beneficiadoras consegue vender o excedente para o Sistema Interligado Nacional (SID).

2. Casca de arroz

A casca de arroz é considerada um dos mais abundantes resíduos da agroindústria brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para 2013, a previsão é que sejam colhidas 173,8 milhões de toneladas do cereal, 6,9% superior a 2012. Em uma tonelada do alimento colhido no campo, 30% é casca.


De acordo com a Aneel, existem nove usinas geradoras de energia a partir da casca do arroz. Elas queimam o resíduo durante o processo de secagem do grão e têm capacidade instalada de 36.433 kW de potência, o que corresponde a 0,03% da geração nacional. Apesar de possuir alto valor energético, especialistas afirmam que ainda é baixa a adesão desta matéria-prima como fonte de energia, principalmente por falta de incentivo ao investimento.

3. Resíduos florestais

A matéria-prima excedente da indústria de papel e celulose é apontada como um importante gerador de energia elétrica por meio do reaproveitamento de resíduos da biomassa. Ela é formada por matéria vegetal, como madeira, galhos e folhas, além do licor negro, subproduto extraído do processo de transformação de celulose. Depois de compactados, os outros resíduos podem ser transformados em carvão vegetal, briquetes ou paletes para serem usados em processos de combustão em caldeiras e fornos.



Dados do Cenbio indicam que a área florestal plantada do Brasil em 2012 era de pouco mais de sete milhões de hectares. A geração total de energia no país utiliza 57,2 megametros cúbicos (Mm³) da madeira consumida a partir de floresta plantada. As 48 usinas de resíduos da indústria madeireira e as 15 de licor negro, da silvicultura, geram, respectivamente, 417.835 kW e 1.304.182 kW de potência, segundo a Annel, e juntas, não correspondem nem a 2% da geração nacional.

4. Casca de coco

A casca do coco também pode ser utilizada como matéria-prima para geração de energia elétrica. Todos os anos, são colhidos no Brasil, em média, 2,5 bilhões de frutos, em uma área de aproximadamente 280 mil hectares. Apesar dos números de produção, esta matéria-prima ainda é subutilizada, segundo o Cenbio. Dificuldade logística e falta de incentivo para investimentos limitam o aproveitamento da casca de coco no país. Apenas a parte mais fina da casca é utilizada em fornos e caldeiras das usinas beneficiadoras, para secagem do produto.


Uma tese de doutorado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) apontou também as potencialidades da casca do coco babaçu para geração de energia. Segundo a pesquisa, as 985 mil toneladas extraídas anualmente poderiam gerar o equivalente a 5% da matriz energética do país.

5. Ouriço da Castanha-do-Pará

A castanha-do-pará também desponta como fonte de energia renovável. O ouriço é o fruto da árvore, onde são encontradas entre 12 e 22 sementes, as quais servem como alimento para pessoas e animais. Cada fruto pesa entre 500 gramas e 1,5 quilo e possui uma casca grossa, que serve como proteção às sementes.

 
O ouriço é utilizado como lenha, em usinas térmicas e caldeiras, em forma de briquete. Ele também é utilizado para fabricar "aço verde" nas indústrias siderúrgicas – chamado assim porque, para a queima, se utiliza apenas combustível de biomassa. Apesar de apresentar um grande potencial energético, o uso desta matéria-prima é incipiente no Brasil, segundo o Cenbio, devido à pulverização da produção.

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