quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

FIESP estima importação recorde de insumos agropecuários no Brasil

Para dar conta de uma safra recorde de grãos, além de fibras e energia e para abastecer o segmento de proteínas animais, Brasil deve importar este ano o equivalente a US$ 18,5 bilhões FOB (despesas por conta do comprador) em insumos agropecuários. O prognóstico é da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que ressalta a falta de planejamento de longo prazo



Pela primeira vez, a Fiesp desmembrou os números da balança comercial divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e calculou que as importações de insumos agropecuários devem crescer 10% para 2012, alcançando níveis recordes.

O Brasil é considerado pela Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO) e pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) como um dos principais fornecedores de alimentos para o mundo, o que confere ao país uma posição destacada no mercado agropecuário mundial.

Ao mesmo tempo, o país vivencia um crescimento da dependência das importações dos insumos necessários a esta produção. Em apenas cinco anos, as importações mais do que dobraram, passando de US$ 8,3 bi para US$ 18,5 bi de forma agregada, considerando as indústrias de fertilizantes, defensivos, máquinas, implementos e bens de capital, alimentação e saúde animal.

As compras de fertilizantes, por exemplo, saltaram 114,4% em valor no período avaliado: de US$ 4,8 bilhões FOB em 2007 para US$ 10,9 bilhões em 2012.

"O setor de insumos como um todo é importador e continuará sendo. Porém é importante sabermos as consequências do aumento da dependência externa e entendermos, através de um planejamento de longo prazo, o quanto desse valor é possível gerar no país. No caso de fertilizantes, por exemplo, o cenário é claro e positivo", afirmou Antônio Carlos Costa, gerente do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp.

Costa refere-se às projeções da entidade, que apontam para uma redução da dependência externa de NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), de 71%, como é atualmente, para 56% em dez anos, a partir dos investimentos das indústrias do segmento, com destaque para a Vale.

No caso dos defensivos agrícolas, o Brasil deve importar em 2012 o equivalente US$ 4,5 bilhões FOB, um crescimento de 10% com relação ao importado em 2011, US$ 4,1 bilhões de dólares.

Em Máquinas, Implementos Agrícolas e Bens de Capital, as importações brasileiras devem crescer 11,2% em 2012 contra 2011, chegando a U$ 1,8 bilhão FOB, enquanto compras em produtos de Saúde Animal devem aumentar 15% este ano com relação ao ano anterior, para US$ 333 milhões FOB.

As importações totais de insumos agropecuários devem apresentar em 2012 um incremento de 10% ante 2011. Ao final deste ano, o setor deverá importar US$ 18,5 bilhões FOB - valor recorde para série história desde 2007 -, sendo que o único segmento que deve apresentar decréscimo nas importações é o de Nutrição Animal, com queda de 3% na leitura anual, totalizando em US$ 986 milhões FOB. A queda é consequência da retração das margens em especial no setor de avicultura.

Dos insumos agropecuários importados em 2011, 58% correspondem a fertilizantes, 24% a defensivos agrícolas, 10% a Máquinas, Implementos Agrícolas e Bens de Capital, 6% a Nutrição Animal e 2% a Saúde Animal.

Segundo Costa, o objetivo da Fiesp com o levantamento desses números é jogar luz sobre a necessidade de planejamento de longo prazo com relação a dependência externa desse setor.

"É preciso que se estude a possibilidade de gerar parte desse valor no país, desde que isso se faça de forma natural e competitiva", lembrou o gerente do Deagro.

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