quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Produção de leite perde espaço para soja e milho no sul de Minas Gerais

Cooperativas da região estão mudando perfil de gestão para atender à nova realidade



A região sul de Minas Gerais tem por tradição a produção de café, leite e milho para silagem. Uma combinação que vem mudando na ultima década. Com dificuldade no mercado de leite, o espaço se abriu para os cereais, que se mantêm com boa lucratividade. Com isso, as cooperativas estão mudando o perfil de gestão para atender à nova realidade.

Café é o carro chefe do agronegócio no sul de Minas Gerais, representando 25% da produção do país. O que se vê são estruturas cada vez mais modernas em todo processo. No caso do leite, a bacia leiteira vem migrando para outras regiões. Em uma estrutura onde hoje é a fábrica de sal mineral funcionava o recebimento de leite da cooperativa da cidade de Machado (MG).

– Nós recebíamos aqui, há 10 anos, 30 mil litros de leite por dia nestas plataformas. Em 2007, aproximadamente, nós rompemos o vínculo com nossa central de laticínios em São Paulo, deixamos de fazer captação de leite. O leite foi desestimulante para os nossos cooperados, pois perdeu a credibilidade. Não tivemos mais espaço para o leite – diz o presidente da Cooperativa Agropecuária de Machado (Coopama), João Gonçalves.

A produção de leite cedeu espaço primeiro para o milho, e nos últimos quatro anos, a soja entrou firme no cronograma de safra dos produtores.

Até 2007, a Coopama registrava a entrada de pequenas quantidades de soja de alguns cooperados. Para esta safra, a diretoria está se preparando para receber 100 mil sacas, uma nova realidade que exige investimento em estrutura e contratação de pessoal especializado em cereais.

– Nós estamos criando um departamento de cereais na Coopama. Contratamos um engenheiro agrônomo altamente especializado em soja e milho. É outra visão, outra maneira de trabalhar. O fluxo  da soja é muito mais rápido dentro da cooperativa, por isso tem que arrumar silos menores para dar  dinâmica – explica Gonçalves.

Em plena colheita, o movimento de caminhões tanto de milho quanto de soja não param. A estrutura vai receber um investimento de R$ 1,5 milhão para ampliar em 30% a armazenagem. Em cinco anos, a venda de insumos pulou de 6 mil para 31 mil toneladas. O retorno vem na qualidade da soja e nos preços da região.

– O valor da soja produzida na região está alcançando um valor maior do que o tradicional. Acreditamos na crescente do setor – fala o gerente industrial   da Coopama, Afrânio Camargo.

Em uma fazenda da região, a produção de leite se manteve durante 20 anos.  Agora, o pavilhão das vacas virou garagem de máquinas. No campo, onde se produzia milho para silagem, tem hoje 800 hectares de soja. A máquina colhe os grãos na topografia acidentada do sul de Minas, e a plantadeira já garante a safrinha de milho.

– A gente está acertando ainda no sul de Minas a safrinha. É recente, fazemos isso há três anos somente. Fazemos soja no verão, seguida por milho na safrinha. Em algumas partes também plantamos feijão – diz o produtor rural Virgilio Palmeira Caixeta.

Para Caixeta, soja e milho ganham espaço, mas o café permanece soberano como principal atividade da região sul de Minas Gerais.

– É uma tendência. Realmente está nos ajudando a depender um pouco menos do café. Mas aqui no sul de Minas o que fala alto na renda do produtor ainda é o café – completa Caixeta.

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