quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Produção de leite perde espaço para soja e milho no sul de Minas Gerais

Cooperativas da região estão mudando perfil de gestão para atender à nova realidade



A região sul de Minas Gerais tem por tradição a produção de café, leite e milho para silagem. Uma combinação que vem mudando na ultima década. Com dificuldade no mercado de leite, o espaço se abriu para os cereais, que se mantêm com boa lucratividade. Com isso, as cooperativas estão mudando o perfil de gestão para atender à nova realidade.

Café é o carro chefe do agronegócio no sul de Minas Gerais, representando 25% da produção do país. O que se vê são estruturas cada vez mais modernas em todo processo. No caso do leite, a bacia leiteira vem migrando para outras regiões. Em uma estrutura onde hoje é a fábrica de sal mineral funcionava o recebimento de leite da cooperativa da cidade de Machado (MG).

– Nós recebíamos aqui, há 10 anos, 30 mil litros de leite por dia nestas plataformas. Em 2007, aproximadamente, nós rompemos o vínculo com nossa central de laticínios em São Paulo, deixamos de fazer captação de leite. O leite foi desestimulante para os nossos cooperados, pois perdeu a credibilidade. Não tivemos mais espaço para o leite – diz o presidente da Cooperativa Agropecuária de Machado (Coopama), João Gonçalves.

A produção de leite cedeu espaço primeiro para o milho, e nos últimos quatro anos, a soja entrou firme no cronograma de safra dos produtores.

Até 2007, a Coopama registrava a entrada de pequenas quantidades de soja de alguns cooperados. Para esta safra, a diretoria está se preparando para receber 100 mil sacas, uma nova realidade que exige investimento em estrutura e contratação de pessoal especializado em cereais.

– Nós estamos criando um departamento de cereais na Coopama. Contratamos um engenheiro agrônomo altamente especializado em soja e milho. É outra visão, outra maneira de trabalhar. O fluxo  da soja é muito mais rápido dentro da cooperativa, por isso tem que arrumar silos menores para dar  dinâmica – explica Gonçalves.

Em plena colheita, o movimento de caminhões tanto de milho quanto de soja não param. A estrutura vai receber um investimento de R$ 1,5 milhão para ampliar em 30% a armazenagem. Em cinco anos, a venda de insumos pulou de 6 mil para 31 mil toneladas. O retorno vem na qualidade da soja e nos preços da região.

– O valor da soja produzida na região está alcançando um valor maior do que o tradicional. Acreditamos na crescente do setor – fala o gerente industrial   da Coopama, Afrânio Camargo.

Em uma fazenda da região, a produção de leite se manteve durante 20 anos.  Agora, o pavilhão das vacas virou garagem de máquinas. No campo, onde se produzia milho para silagem, tem hoje 800 hectares de soja. A máquina colhe os grãos na topografia acidentada do sul de Minas, e a plantadeira já garante a safrinha de milho.

– A gente está acertando ainda no sul de Minas a safrinha. É recente, fazemos isso há três anos somente. Fazemos soja no verão, seguida por milho na safrinha. Em algumas partes também plantamos feijão – diz o produtor rural Virgilio Palmeira Caixeta.

Para Caixeta, soja e milho ganham espaço, mas o café permanece soberano como principal atividade da região sul de Minas Gerais.

– É uma tendência. Realmente está nos ajudando a depender um pouco menos do café. Mas aqui no sul de Minas o que fala alto na renda do produtor ainda é o café – completa Caixeta.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Produção de cana do Centro-Sul deve aumentar 9%

A região Centro-Sul é principal produtora de cana do país

Banco Rabobank projeta forte recuperação em 2013/2014, com processamento de 580 milhões de toneladas.

O banco Rabobank projetou nesta segunda-feira que a colheita de cana-de-açúcar em 2013/2014 no Centro-Sul do Brasil, principal região produtora do país, deve ter forte recuperação ante o ciclo anterior, crescendo 9%, para 580 milhões de toneladas.

O Centro-Sul responde pelo cultivo de quase 90% da cana brasileira, esmagada para produzir açúcar demerara e etanol. Em 2012/2013, a região processou 532 milhões de toneladas de cana.

No Brasil, ao contrário de outros países produtores, a grande maioria das usinas processa tanto açúcar quanto etanol, o que significa que safras de ambos podem variar em resposta às projeções de preços. "Essa conexão é particularmente importante este ano porque o Brasil deve ter uma produção de cana volumosa, em um momento em que a oferta global de açúcar já é abundante", disse o analista do Rabobank, Andy Duff. "Esse fator associado ao anúncio recente de um aumento de 6,6% dos preços da gasolina nas refinarias estão despertando discussões sobre o quão baixos os preços globais do açúcar podem ficar em 2013", acrescentou.

A instituição espera que os preços locais do etanol sigam firmes em 2013/2014, ficando em média em R$ 1,27 por litro na temporada, o que é equivalente à cotação do açúcar demerara negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que está perto de 19 cents por libra-peso. Na sexta-feira (22/2), o vencimento maio, de maior liquidez, encerrou a 18,15 cents por libra-peso.

Por causa da típica sazonalidade da oferta e demanda do etanol, no entanto, o Rabobank estima que os preços podem recuar até o equivalente a 17 cents por libra-peso entre maio e julho.

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Consórcio milho-braquiária beneficia o solo e o agricultor

Nessa época do ano, os agricultores de Mato Grosso do Sul estão envolvidos com o plantio do milho safrinha



O cultivo de milho consorciado com braquiária, visando a produção de grãos e de palha no Sistema Plantio Direto (SPD) em favor da agricultura sustentável pode ser uma alternativa que deve ser considerada nesse momento. O consórcio garante maior produtividade da soja e do milho safrinha em sucessão e ainda possibilita engorda de bovinos no período de estiagem, contribuindo para a Integração Lavoura Pecuária (ILP), garantindo renda ao produtor, economia de insumos e otimização da lavoura. As pesquisas realizadas pela Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) em relação a produção consorciada de milho com braquiária vem apresentando resultados positivos.

A produção consorciada é uma alternativa para reforma ou implantação de novas pastagens. As raízes profundas e intensas da braquiária favorecem a absorção e retenção de água no solo por um maior período de tempo, o que é extremamente positivo para a cultura consorciada. Outra vantagem desse tipo de lavoura é que o plantio consorciado de milho com braquiária viabiliza a fixação de carbono no solo, reduzindo a emissão de Co2 e contribuindo com a redução do efeito estufa.Favorece também o menor desenvolvimento de plantas daninhas reduzindo a aplicação de agroquímicos na lavoura, além disso a utilização do consórcio proporciona cobertura do solo na entressafra com consequente supressão das ervas daninhas. "A utilização de milho RR na safrinha pode acarretar maiores custos com o controle de plantas daninhas no ciclo de soja subsequente, devido à impossibilidade de utilizar o consórcio milho com braquiária, com essa cultivar de milho", explica o analista da Embrapa Agropecuária Oeste, Alceu Richetti.

Outra vantagem do cultivo consorciado, são os gastos menores também com fertilizantes químicos, pois a adubação é realizada apenas nas linhas de milho, e a palha é uma importante fonte de matéria orgânica para o solo.

"Os benefícios continuam mesmo após a colheita do milho. Visto que a braquiária possui um crescimento inicial rápido, proporciona excelente cobertura do solo e é de fácil dessecação para implantação da lavoura da soja em sucessão, essa pastagem além de proteger o solo serve para pastejo por animais no período de estiagem", explica o analista da Embrapa Agropecuária Oeste, Gessi Ceccon.

A pureza e a germinação das sementes de braquiária são características importantes que precisam ser observadas pelo produtor, pois evitam o surgimento de espécies indesejáveis e pragas na lavoura. Destaca ainda que a implantação e o manejo do consórcio milho-braquiária demandam acompanhamento técnico, além de seguir os critérios recomendados pela pesquisa, a fim de observar os novos ajustes necessários para essa tecnologia.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Produtor de trigo deverá ter à disposição crédito de R$ 500 milhões

Proposta do governo federal de incentivar cultivo do cereal busca repor estoques e abastecer indústrias



Para ampliar a produção e garantir o abastecimento interno de trigo, o governo federal deve liberar R$ 500 milhões de recursos para o plano safra das culturas de inverno. Os detalhes foram acertados na quinta, dia 21, em reunião dos ministérios da Agricultura e da Fazenda e, até o dia 28, a proposta deve ser enviada para a aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Além do crédito, o governo promete reforçar o seguro agrícola, que deve ter recurso entre R$ 80 milhões e R$ 90 milhões, alterar o zoneamento para o trigo, ampliando o tempo de plantio, e reajustar entre 6% e 9% o preço mínimo da cultura, que hoje é de R$ 501 por tonelada para o tipo 1 da variedade pão. O secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller informou que a maior parte dos recursos será dividida entre produtores gaúchos e paranaenses.

A preocupação maior é garantir matéria-prima às indústrias depois da quebra na safra passada do cereal. No Rio Grande do Sul, conforme a Emater/RS, a perda chegou a 31% por causa de problemas climáticos.

Produtores reivindicam reajuste do preço mínimo
Os prejuízos devem forçar os moinhos a buscar o produto em outros mercados, como os Estados Unidos, já que a Argentina, principal parceiro do Brasil, também sofreu com o clima.

– Com esse volume de recursos mais alto, queremos estimular a produção de trigo para repor estoques. Essas medidas servem para trazermos renda ao produtor e, ao mesmo tempo, controlar a inflação, evitando o aumento excessivo do preço do pão e produtos que dependem do cereal – explica Geller.

Para o setor produtivo, se o pacote é bom ou não dependerá de levantamentos que serão finalizados até 28 de fevereiro pelos produtores gaúchos e paranaenses sobre intenção de plantio e custos de produção das lavouras e que serão apresentados na reunião da Câmara Setorial das Culturas de Inverno, em Brasília (DF). O primeiro conflito será o reajuste do preço mínimo do trigo. O setor pede elevação de cerca de 15%, fechando a R$ 576 a tonelada do produto.

– Só aqui no Rio Grande do Sul temos uma prévia de intenção de plantio próxima de um milhão de hectares. Precisamos ver o que os paranaenses pretendem para esta safra, mas a tendência é aumentar a área também. Se isto ocorrer, os R$ 500 milhões serão poucos – avalia o presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim.

Na safra passada, o valor total oferecido para as culturas de inverno foi de R$ 430 milhões. O governo do Rio Grande do Sul também está formulando um plano de incentivo às culturas de inverno.

O plano

Crédito: O valor que deve ser liberado pelo governo federal é de R$ 500 milhões para as culturas de inverno, aumento de 16% ante R$ 430 milhões da safra passada.

Seguro: a intenção é de que a subvenção para o seguro agrícola chegue a até R$ 90 milhões.

Zoneamento agrícola: a proposta do governo federal é ampliar o período de plantio, mas ainda não há definição sobre o novo prazo.

Preço mínimo: deve ter reajuste entre 6% a 9%. Com isso, pode chegar a R$ 546 a tonelada para o tipo 1 da variedade pão. O valor atual é de R$ 501 a tonelada.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Brasil exporta volume recorde de bovinos vivos para o mês de janeiro

No último mês, foram embarcadas 57 mil cabeças, aumento de 112,4% em relação a 2012, segundo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior


O ano começou com o melhor resultado já registrado para as exportações de gado em pé em janeiro, aponta a Scot Consultoria. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no último mês, foram embarcadas 57 mil cabeças, aumento de 112,4% em relação a janeiro de 2012.

Este é o maior volume registrado para as exportações de animais vivos no mês desde que o Brasil entrou neste comércio, em 2002. A Venezuela, maior cliente do Brasil para esta mercadoria, comprou 70% de tudo que foi embarcado, seguido pela Turquia, com 23%. Os dois países são os tradicionais destinos dos animais exportados pelo país. Completa a lista de importadores o Líbano.

Em 2012, o Brasil exportou 480,2 mil cabeças, uma alta de 19,4% em relação a 2011. O câmbio valorizado e a arroba mais barata favoreceram o resultado.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Brasil pretende ampliar as exportações de leite em 30% até 2014

Para alcançar a meta, serão investidos pelo menos R$ 2,3 milhões nos próximos dois anos


O Brasil pretende ampliar as exportações de leite em 30% até 2014. Para isso, serão investidos pelo menos R$ 2,3 milhões nos próximos dois anos, para a execução de ações de promoção comercial do produto no mercado externo. O recorde brasileiro de exportação do leite aconteceu em 2008, com faturamento total de US$ 541 milhões. Estão previstas missões de prospecção de negócios e parcerias em países como Angola, Arábia Saudita, Argélia, Emirados Árabes, Venezuela, China, Iraque e Egito.

A iniciativa faz parte de uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a qual será formalizada na quinta, dia 21, em Brasília (DF).

Em comunicado, a OCB informa que, atualmente, cerca de 40% da produção brasileira de lácteos passa, em algum momento, por uma cooperativa. O Brasil é o quinto produtor mundial do setor lácteo, com uma produção anual de cerca de 32 bilhões de litros de leite. A atividade leiteira está presente em 1,3 milhões de propriedades rurais do país, sendo a maior parte delas de agricultores familiares.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Pesquisadores de São Paulo testam produção de leite funcional

Vacas tiveram alimentação alterada por quatro meses e apresentaram leite mais saudável


Pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), do polo de Ribeirão Preto (SP), testaram o lançamento do chamado leite funcional, um produto mais saudável e rico em nutrientes. O processo iniciou pela mudança na alimentação dos animais, que foram obervados por quatro meses.

Durante o experimento, 24 vacas foram divididas em quatro grupos. Cada grupo recebeu um tipo de dieta. As composições das rações variaram entre o básico dado ao gado de leite, passando por pequenas alterações até chegar à dieta completa, com maiores quantidades de vitamina E, selênio e óleo de girassol.

As primeiras amostras de leite foram coletadas 15 dias depois da mudança na alimentação das vacas. Os pesquisadores constataram que os animais que passaram pela dieta completa tiveram a alteração confirmada na composição do leite. O organismo do gado também respondeu de forma diferente, com menos incidência de mastite.

A partir dos resultados, o experimento deixou de ser apenas dedicado à zootecnia e ganhou uma abrangência maior. Durante quatro meses, crianças de uma creche de Ribeirão Preto consumiram o leite funcional. No fim do ano passado, o leite também foi testado em um grupo de idosos. Os dados ainda não foram divulgados, mas a adição de outros componentes deve favorecer o sistema imunológico e combater os radicais livres.

A pesquisa, financiada pela APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, custou mais de R$ 400 mil.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CEPEA: Custos da pecuária de leite Balanço de 2012

Confira:
Além de pouco produtiva, mão de obra no Sudeste e Centro-Oeste compromete cerca de 20% da receita
Custos permanecem estáveis em dezembro
Insumos mantêm custos em altos patamares em dezembro


LEITE: ALÉM DE POUCO PRODUTIVA, MÃO DE OBRA NO SUDESTE E CENTRO-OESTE COMPROMETE CERCA DE 20% DA RECEITA


Cepea, 15 – O aumento do salário mínimo federal para R$ 678,00 a partir de janeiro de 2013 (reajuste de 9%) traz à tona, mais uma vez, o peso da mão de obra na atividade leiteira. Nos estados do Centro-Oeste e Sudeste este peso é maior, comprometendo cerca de 20% da receita obtida com a venda do leite. Nos estados do Sul, onde existe uma maior escala de produção e também grande participação da mão de obra familiar, a contratação de funcionários compromete em torno de 10% da receita do leite.

Paralelamente ao custo, o produtor enfrenta a dificuldade de encontrar profissionais especializados – reclamação constante! E quando encontra bons trabalhadores, precisa pagar salários elevados, dada a disputa por seus serviços.

A pesquisa de custos de produção do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mostra que, dos 19 painéis (reuniões de pesquisadores com produtores e técnicos locais) realizados nos seis principais estados (GO, MG, PR, RS, SC e SP), 95% conta com ordenha mecanizada – o parâmetro de produtividade para a ordenha manual e mecânica são, de pelo menos, 150 e 350 litros, respectivamente. O estado de São Paulo foi o que apresentou a menor produtividade da mão de obra, apenas 170 litros/homem.dia. No outro extremo, Paraná foi o estado mais eficiente, com 700 litros, seguido pelo RS e MG, com 345 e 320 litros, respectivamente. GO e SC, que completam a pesquisa, tiveram médias de 240 e 195 litros.

Essa relação entre desembolso com mão de obra e produtividade indica a necessidade de elevação na eficiência produtiva, de modo a ser diluído o peso dos salários no custo de produção. A utilização de máquinas e equipamentos mais práticos, treinamento constante da mão de obra, estruturação e análise de indicadores relacionados ao uso do maquinário e insumos são algumas iniciativas que podem auxiliar o produtor a melhorar a produtividade de seus colaboradores.

CUSTOS PERMANECEM ESTÁVEIS EM DEZEMBRO

Em dezembro, o Custo Operacional Efetivo (COE), composto por todos os gastos usuais da propriedade, e o Custo Operacional Total (COT), que considera também as depreciações dos bens de produção e o pró-labore do produtor, seguiram novamente estável, como vem ocorrendo desde setembro. Esse estudo leva em consideração os estados de GO, SP, MG, PR, SC e RS; dessa forma, é estabelecida a “Média Brasil” do custo de produção da pecuária de leite Cepea em parceria com a CNA.

Em relação a novembro/12, o COE teve leve queda de 0,14% e o COT, de 0,10%. GO, SP e MG apresentaram pequenos aumentos no COE e COT, principalmente porque a soja e o milho são as principais alternativas para a alimentação concentrada do rebanho. E foi justamente nestes estados onde se registraram os maiores aumentos do milho em relação a novembro/12 – em Goiás, por exemplo, o grão teve acréscimo de 4,3%. Tal fato se justifica na elevação da demanda para o reabastecimento dos estoques num período de entressafra e exportações aquecidas. Já nos três estados do Sul, a possibilidade de utilização de outros produtos para compor a ração animal permitiu ao pecuarista reduzir o custo de produção, já que o concentrado é o item de maior representação no COE.

Goiás foi o estado que apresentou os maiores aumentos mensal e anual do COE. Em relação à novembro/12, o COE avançou 1,2% e, na comparação com dezembro/11, 23,5%. Mesmo com a queda de 1,3% do preço do farelo de soja, a alta na cotação do milho elevou em 1,3% os gastos com concentrado em dezembro. Outro item que afetou os dispêndios do produtor no mês foi a suplementação mineral, cujo aumento foi de 5,9%. Demais itens do custo de produção continuaram estáveis.

No estado mineiro, o COE e COT também apresentaram leves aumentos, de 0,6% e 0,5% em relação a novembro. Essas pequenas variações refletem a estabilidade da maioria insumos, mas também o aumento no preço de insumos importantes como sementes forrageiras, suplementação mineral (ambos com 4,3%) e do concentrado (1,6%). O COE de dezembro subiu 17,3% quando confrontado ao índice de dezembro/11 e COT elevou-se em 14,2%.

Em São Paulo, de novembro para dezembro, o COE aumentou 0,6% e o COT, 0,7%. As pequenas variações são consequência do aumento de 0,9% do gasto com concentrado, de 8,5% com sementes forrageiras e da estabilidade dos outros componentes do custo de produção. O aumento do preço das sementes decorre da maior demanda para implantação de pastagens com o início das chuvas. Em um ano, a contar de dezembro/11, o COE em São Paulo subiu 14% e o COT, 10,7%.

Santa Catarina foi o estado que apresentou as maiores quedas no custo de produção entre novembro e dezembro, sendo que o COE diminuiu 1,8% e o COT, 1,5%. Além da estabilidade de alguns itens de produção, as quedas de 4,6% no gasto com concentrado (devido à escolha do produtor por fontes alternativas para a ração animal), de 2,6% do material de ordenha e de 1,7% dos defensivos agrícolas contribuíram para a redução do custo. Frente a dezembro/11, o COE aumentou 12,7% e o COT, 10%.

O produtor gaúcho também teve diminuição no desembolso para produzir leite. De todos os insumos, apenas vacinas, medicamentos para controle parasitário e combustível apresentaram elevação, reajustados em 4,9%, 0,6% e 0,4% respectivamente em relação a novembro. O restante dos itens se manteve praticamente estável. Já no caso dos fertilizantes e do concentrado, em dezembro, houve reduções de 2,3% e 0,9%, respectivamente. Essa combinação resultou na queda de 0,3% do COE e do COT quando comparados aos de novembro. Já em relação a dezembro/11, o COE subiu 17% e o COT avançou 15%.

No Paraná, a queda do COE e do COT foi bem reduzida de um mês para outro, sendo mantida a estabilidade do custo de produção dos meses anteriores. Em dezembro, o COE caiu 0,32% e o COT, 0,29%. As ligeiras quedas ocorreram em decorrência da redução de 4,8% no desembolso com fertilizantes, o que barateou a produção de alimentos volumosos. Mesmo os aumentos em grupos importantes de insumos, como concentrado e defensivos agrícolas, não foram suficientes para impedir que os custos de produção diminuíssem no mês. Entre dezembro/11 e dezembro/12, no entanto, houve aumento de 23% do COE e de 21% do COT.

INSUMOS MANTÊM CUSTOS EM ALTOS PATAMARES EM DEZEMBRO

De novembro para dezembro, os preços de alguns insumos da atividade leiteira tiveram comportamentos distintos entre as regiões pesquisadas pelo Cepea. No balanço, os custos de produção seguiram praticamente estáveis, mas se mantiveram num dos maiores níveis desde o início da pesquisa, em janeiro de 2008 - média ponderada dos custos de produção nos estados de GO, MG, PR, RS, SC e SP. Alimentação concentrada subiu, em especial no Sudeste e Centro-Oeste Em contrapartida, ficou mais barata na região Sul.

Para o início de 2013, a expectativa de agentes de mercado é de que, com a colheita da safra de grãos, os preços da alimentação concentrada recuem, o que pode ajudar a contrabalançar o aumento que haverá do salário mínimo.

É fato que, em dezembro/12, o poder de compra do produtor de leite piorou em relação à maioria dos insumos utilizados nos sistemas de produção típicos captados nas pesquisas do Cepea em parceria com a CNA, no comparativo com dezembro/11. A alta na alimentação concentrada, cujo custeio requer cerca de 40% da renda obtida com a venda do leite, veio do encarecimento de suas principais matérias primas, caso do milho e do farelo de soja. Já os fertilizantes e defensivos, que têm os preços de muitos de seus componentes atrelados ao mercado internacional, tiveram impacto da desvalorização do Real frente ao dólar em 2012 – que encareceu o produto no mercado interno.

Na região Sul, a relação de troca de leite por glifosato em um ano (dezembro/12 frente a dezembro/11), por exemplo, piorou em média 46%, considerando os três estados. A maior diferença foi para o produtor catarinense que, que na comparação com dezembro/11, para adquirir um litro do herbicida, gastou 4,2 litros a mais de leite. No caso da ureia, o produtor paranaense desembolsou em dezembro/12 quase 105 litros de leite a mais, um incremento de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já na comparação com o mês de novembro, o preço da ração comercial na região Sul recuou, diferente do visto em outros estados da pesquisa. Essa queda deveu-se principalmente à maior gama de produtos capazes de substituir o milho e o farelo de soja na composição da mistura, segundo agentes consultados pelo Cepea.

Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, em dezembro, os gastos com alimentação concentrada ainda subiram mais um pouco. O destaque foi o estado de São Paulo, onde a relação de troca de leite por ração com 22% de PB (proteína bruta) piorou 6%, um acréscimo de 2,5 litros de leite por saco de 40 kg. No caso dos fertilizantes, importantes para o estabelecimento das pastagens nessa época, os preços, em sua maioria, diminuíram. Em São Paulo, a pressão se justifica especialmente pela baixa demanda no fim do ano decorrente dos menores preços que têm sido recebidos por produtores de cana-de-açúcar e citros. Com isso, o poder de compra do produtor de leite melhorou cerca de 4% em dezembro, o que representou a economia de 62 litros de leite para a compra de uma tonelada de ureia.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Chuva atrapalha a colheita da soja e do milho no Paraná

Nuvens carregadas no céu indicam pressa no campo. Enquanto a chuva não cai, as colheitadeiras aceleram e por causa das pancadas que tem caído quase todos os dias na região Sudoeste, os agricultores não conseguiram terminar a colheita do milho


Na lavoura de Amarildo Brustolin, em Dois Vizinhos, o atraso já é de uma semana. “Estamos aproveitando os intervalos da chuva para colher e plantar novamente”, conta.

Enquanto a colheita do milho está atrasada, a da soja está adiantada. Os irmãos Brutscher esperavam colher a soja só no fim do mês, mas o excesso de calor na fase de formação dos grãos encurtou o ciclo da planta em cerca de 20 dias. O grão está menor, mas não tem como segurar mais dias no campo e agora os agricultores têm de se virar para conseguir colher soja e milho juntos.

O trabalho simultâneo atrasa o serviço nos armazéns. Falta estrutura para beneficiar os dois grãos ao mesmo tempo.

No entreposto de uma cooperativa em São Jorge D´Oeste, enquanto o milho que vem do campo com bastante umidade precisa de tempo no secador, a soja é descarregada em um galpão e vai ter de esperar. A operação aumenta o custo, pois toda a soja terá de ser carregada e descarregada novamente.

A umidade considerada padrão para o milho e para a soja é de 14%, tudo que estiver acima disto desvaloriza o grão na hora da venda.

A cooperativa tem intenção de aumentar o trabalho em outros turnos, mas outro problema é que faltam também trabalhadores.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Produtores não perderão terras se renegociarem dívidas

Os agricultores serão beneficiados com redução na taxa de juros e alongamento dos prazos de financiamentos



Os produtores rurais que estão inadimplentes com o Programa Nacional de Crédito Fundiário agora terão uma oportunidade para renegociar as dívidas. Além disso, poderão se beneficiar  com a redução na taxa de juros e alongamento dos prazos de financiamentos. Os agricultores têm até o dia 28 de março para aderir às novas regras.

No Estado do Paraná, atualmente 4.542 produtores são vinculados ao crédito fundiário, destes, 1.518 estão com pagamentos em aberto e outros 404 aderiram à primeira versão da renegociação de dívidas apresentada no ano passado.

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, alertou que se os agricultores resistirem em aderir à renegociação, correrão o risco de perder suas terras. Por isso, determinou esforço concentrado entre as equipes da secretaria e Instituto Emater, que executam o programa, além de solicitar o apoio da Federação dos Trabalhadores Rurais no Estado do Paraná (Fetaep), para conscientizar os inadimplentes para a importância de aderir à renegociação.

Para regularizar a situação, o secretário orientará as equipes que trabalham com o Crédito Fundiário no Paraná para reavaliar a realidade de cada agricultor.

A renegociação das dívidas do Programa Nacional de Crédito Fundiária foi aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, em uma reunião realizada em 4 de janeiro. A resolução possibilita a renegociação de todos os contratos inadimplentes até 31 de dezembro de 2012.

O montante poderá ser negociado com juros de 2% e o prazo de financiamento será alongado de acordo com o número de parcelas vencidas. "Se existem cinco parcelas vencidas e não pagas, o contrato, que originalmente prevê 20 anos de vigência, será estendido para 25 anos", explicou o coordenador do Programa Nacional de Crédito Fundiário no Paraná, Márcio da Silva.

Para ter direito às novas condições, o beneficiário deverá fazer a adesão à renegociação nas agências do Banco do Brasil até 28 de março. Depois dessa formalização, o inadimplente deve fazer a amortização para dar início efetivamente ao processo de renegociação. A nova regra reduziu o percentual de amortização de 20% para 5% sobre a última parcela não paga.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Reprodução ainda é gargalo para os sistemas de produção de carne e leite

A reprodução é considerada o fator que mais influencia na rentabilidade da pecuária bovina, pois afeta diretamente o nível de produtividade de um rebanho, sendo dependente de fatores nutricionais, sanitários, genéticos e de um manejo adequado



Neste sentido, quanto mais maximizada for a produção, principalmente através da utilização de biotécnicas da reprodução, como inseminação artificial, controle farmacológico do ciclo estral, transferência de embriões e produção de embriões in vitro, maior será a exigência reprodutiva do rebanho.

Apesar da disponibilidade de todas essas biotecnologias no Brasil, a eficiência reprodutiva e, consequentemente, a rentabilidade dos sistemas de produção, tanto de bovinos de corte quanto de leite, ainda é considerada baixa quando comparada a países desenvolvidos. Em Rondônia, estima-se que a taxa de parição está entre 50 e 60%.

Uma das formas de tornar o Brasil um país mais competitivo na produção de carne e leite é através do aumento da eficiência reprodutiva e do mérito genético do rebanho. Para tanto, ferramentas reprodutivas como o incremento do uso de inseminação artificial em associação com a sincronização de cios e ovulação, principalmente a partir da segunda metade da década de 90, representa um marco no manejo reprodutivo dentro dos sistemas de produção de leite e carne no Brasil.

Desta forma, desde 2011, a Embrapa Rondônia está investindo em pesquisas voltadas para a solução de problemas reprodutivos. Uma das linhas de pesquisa que está sendo desenvolvida é a implantação de programas de inseminação artificial em tempo-fixo (IATF) mais sustentáveis. Dados obtidos de experimentos realizados no Campo Experimental de Porto Velho, já indicam que podemos contar com um novo indutor de ovulação que está mais sintonizado com as normas e os procedimentos de produção animal exigidos pela União Européia.

Recentemente, a Embrapa Rondônia aprovou um projeto que permitirá a continuação dessa linha de pesquisa. O projeto em rede inclui várias equipes de pesquisa dentro (Embrapa Gado de Leite, Embrapa Pantanal, Embrapa Clima Temperado, Universidade Federal de Pelotas e Universidade Federal de Santa Maria) e fora do Brasil (Guru Angad Veterinary and Animal Sciences University – Índia e University of Saskatchewan - Canadá).

Um dos grandes desafios para a Embrapa, no início dessa década, é comprovar a produção de leite e carne de forma sustentável no bioma Amazônia. Para tanto, a eficiência reprodutiva é um dos fatores que devem ser maximizados, pois fêmeas prenhes são ambientalmente mais sustentáveis, uma vez que mitigam gases de efeito estufa por estarem produzindo carne e leite.

O Brasil, sendo o maior exportador de carne bovina do mundo, deve estar conectado com as exigências do comércio mundial de carnes e derivados, principalmente no que diz respeito aos mercados nobres, que podem pagar melhor pelo produto. Desta forma, é necessário encontrar alternativas para que, além de atender às exigências do mercado externo, o país ainda continue produzindo proteína animal com alta competitividade e qualidade.


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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Tecnologias expostas no Show Rural Coopavel podem auxiliar produtores no controle e eficiência das plantações

Entre as novidades da feira, um sistema que capta dados de uma rede de estações meteorológicas alerta o agricultor sobre a hora certa de aplicar defensivos na lavoura


As novas tecnologias expostas no Show Rural Coopavel continuam atraindo produtores. A chuva que caiu em Cascavel (PR) nesta quinta, dia 7, não afastou o público que foi à feira para conferir as novidades expostas.

– A chuva é boa e não atrapalha – diz o produtor Antônio Amaro.

A chegada da chuva provocou um desfile de capas pelos corredores e foi um prato cheio para quem levou para a feira novidades envolvendo agrometeorologia. Um sistema, por exemplo, capta os dados de uma rede de estações meteorológicas e alerta o agricultor sobre a hora certa de aplicar defensivos na lavoura.

Mas a meteorologia não é o único foco. Em tempos de informação digital, a identificação da presença de pragas, doenças e plantas daninhas na lavoura também ganha agilidade. Um microscópio, conectado a um tablet por rede sem fio, é um exemplo. O produtor pode registrar a foto da planta e comparar com o banco de dados de uma biblioteca virtual. Lá encontra orientações e recomendações técnicas sobre cada situação. A novidade agradou.

Ferramentas como estas comprovam que a tecnologia está cada vez mais presente no meio rural, tanto na busca por mais eficiência na atividade quanto no melhor controle da fazenda. Na era da modernidade, a gestão dos negócios atravessou fronteiras e facilitou o dia a dia dos produtores rurais.

Não é exagero, a fazenda foi parar na palma da mão do agricultor. Basta instalar um módulo eletrônico em uma máquina e pronto. A partir daí, de qualquer lugar do planeta, é possível acompanhar o que ela está fazendo. Os pontos no mapa indicam máquinas monitoradas. As cores informam se ela está parada ou em movimento, a velocidade de trabalho, o perímetro de atuação e assim por diante. Um auxílio, e tanto, nas estratégias para otimizar tempo e dinheiro.

E se dá para acompanhar as máquinas, também já é possível controlar à distância o funcionamento de um aviário. Este sistema permite o gerenciamento dos controladores de ambiente das granjas e é um instrumento que ajuda na tomada de decisão.

Seja na agricultura, na criação de aves ou na pecuária leiteira, a presença da informatização no campo avança a passos largos. Por isso, está mais do que retratada pelos expositores do Show Rural. E, enquanto ainda não se sabe até onde toda esta tecnologia vai nos levar, o produtor Cláudio Ueoka, que viajou 260 quilômetros em busca de inovações para a lavoura, tem uma resposta.

– Sem tecnologia não dá mais para avançar no campo – fala Ueoka.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Produtores reivindicam ao governo preço mínimo para carne suína e garantia no abastecimento de milho

Representantes dos suinocultores entregaram documento com oito pedidos ao ministro da Agricultura


Representantes dos produtores de suínos se reuniram nesta quarta, dia 6, em Brasília para definir a pauta de reivindicações do setor em 2013. O documento organizado com o apoio da Frente Parlamentar da Agricultura foi entregue ao ministro da Agricultura Mendes Ribeiro Filho. Entre as oito reivindicações para este ano estão a inclusão da carne suína na política de garantia do preço mínimo e milho suficiente para o abastecimento interno. As entidades estão otimistas com a resposta do governo.

— Das nossas reivindicações, entre as principais está a questão do abastecimento de milho.  Os contratos de opções de compra de milho são fundamentais para que o produtor possa ter mais esse mecanismo de compra de abastecimento — comenta o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes.

O setor pede ainda agilidade na tramitação do projeto de lei de integração que está no Senado. A proposta estabelece direitos e deveres para produtores rurais e agroindústrias nos contratos de parceria para produção integrada. Outra preocupação é estabelecer o preço mínimo do suíno. De acordo com a ABCS, nenhum pedido é novidade para o governo, mas desta vez eles esperam uma reposta positiva.

— No primeiro momento, as reivindicações que nos chegaram já estão andando. Uma delas é a recomposição dos estoques de milho do governo. Nós devemos lançar nesse mês ou no começo do mês de março o contrato de opção de dois milhões de toneladas para o governo entrar com recurso para recompor os estoques. É importante, porque vai atender a demanda do setor — afirma o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Professor da UFLA mostra ao mundo a importância da ciência por trás de uma xícara de café especial

O evento é organizado e promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE)


De 21 a 25 de janeiro, o professor da Universidade Federal de Lavras Flávio Meira Borém apresentou os resultados de pesquisas desenvolvidas na Universidade, para juízes que representam os principais compradores de café da Europa, Estados Unidos, Ásia e Oceania, em visita ao Brasil para a fase internacional do 2º Concurso de Qualidade Cup of Excellence Natural Late Harvest – Edição 2012. O evento é organizado e promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE).

A participação de Flávio Borém, com a palestra “The Science behind a Cup of Coffee: Some Scientific contributions of UFLA“, repetiu o sucesso das apresentações realizadas em 2012 em diversas partes do mundo, reforçando a atuação do professor como embaixador do café especial brasileiro, em particular da diversidade de sabores dos cafés naturais produzidos no País.

Autor da obra Pós-Colheita do Café (Editora UFLA), em todas as apresentações o professor leva a marca de excelência da UFLA quando o assunto é a ciência por trás de uma xícara de café. Entre os temas debatidos, estão a relação da qualidade do café em diferentes ambientes e altitudes, o efeito das mudanças climáticas sobre a qualidade da bebida e boas práticas pós-colheita, incluindo novas técnicas de secagem, armazenamento e inovações no transporte de cafés diferenciados.

Agenda positiva do café brasileiro

Em 2012, a pesquisa da UFLA e o diferencial do café brasileiro foram destacados em diversos eventos internacionais, reforçando o intercâmbio de experiências e ampliando as fronteiras do conhecimento. Além de levar conhecimento a todos os países visitados, o professor Borém aproveitou para conhecer fazendas produtoras, cooperativas, associações e indústrias. Em alguns eventos, além da apresentação oral, promoveu sessões de degustação de cafés brasileiros de alta qualidade, contribuindo para a formação de novos conceitos entre os maiores compradores de café do mundo.

Além dos eventos internacionais que participou, o professor recebeu a visita técnica de juízes e compradores de café de diversos países na UFLA. Entre eles, o evento realizado pela Specialty Coffee Association of America (SCAA), “Origin Trip”, em que a Universidade foi escolhida para fazer parte do roteiro e receber o grupo de especialistas em cafés especiais interessados em conhecer as pesquisas desenvolvidas pela equipe do professor.

Em março, o professor participou do evento em Lima – Peru: Let’s Talk Coffee Regional Event 2012, promovido pela Sustainable Harvest, com o objetivo de estabelecer uma discussão transparente entre profissionais ligados à produção e à indústria de café.

Em abril de 2012, Flávio Borém participou do maior evento de cafés especiais no mundo, realizado em Portland, Estados Unidos, com a organização da SCAA. Na oportunidade, o professor apresentou as pesquisas e promoveu mesas de degustação comentadas, com a participação de 80 profissionais de diferentes áreas e regiões do mundo.

Em outubro de 2012, o professor foi convidado para repetir a apresentação no evento Let’s Talk Coffee International Event 2012, edição realizada na cidade de Medellín, Antioquia – Colômbia, com a participação de 460 pessoas de 28 países. Durante o evento, o professor presenteou alguns participantes com o livro de sua autoria Pós-Colheita do Café, ampliando o impacto da divulgação do conhecimento desenvolvido na Universidade.

Ainda em outubro de 2012, participou do evento Le Carnaval du Café – the Collaborative Coffee Source, realizado em Paris – França, tendo como foco a apresentação de variedades e métodos de processamento e seus impactos na qualidade do café. Participaram do evento cerca de 40 compradores e torrefadores de café especial de toda a Europa, mais uma oportunidade para o professor alterar a percepção da qualidade dos cafés brasileiros.

Em novembro de 2012, o professor Borém fez parte da comitiva brasileira na 24ª International Conference on Coffee Science -ASIC 2012, evento realizado em San José, Costa Rica, e contou com a participação de outros professores da Universidade. Além da apresentação oral do trabalho “Drying rate and quality of natural coffee”, o professor participou de 24 trabalhos enviados ao congresso nas diversas areas relativas ao processamento e à qualidade do café.

De 22 a 25 de novembro de 2012, participou do World Coffee Leaders Forum,  em Seul – Coreia do Sul, realizado conjuntamente com o evento anual “The Coffee Show”, uma feira de mostra de cafes do mercado asiático em que fica evidente o destaque da Coreia como o mais atraente mercado consumidor emergente, além da China e do Japão.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Junção milho braquiária tem resultados positivos


Entre os sistemas integrados e consórcios estão o consórcio milho safrinha-braquiária que proporciona benefícios a cada componente envolvido no sistema

Sendo esta tecnologia reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que hoje é encontrada nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Contudo, ainda é importante destacar os consórcios de milho+crotalaria, milho+guandu anão, milho+guandu Mandarim, milho+mucuna preta e milho com braquiárias - ruziziensis, Mombaça, Xaraés, Piatã, Marandu, Massai em diferentes espaçamentos e profundidades.

De acordo com o gestor do Núcleo Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Eduardo Godoi, já está constada a eficiência dos sistemas integrados de rotação de lavouras e pastagens, que inclusive corroboram na recuperação de pastos degradados. Além de ter uma importante contribuição ambiental, já que a idéia é não desmatar e aproveitar o espaço existente para produzir mais no mesmo espaço. Godoi diz ainda que a Famato está trabalhando junto coma a Embrapa, com objetivo de difundir ainda mais este sistema produtivo, já que muito produtores desconhecem ou ainda têm um certo receio em adotá-lo. “É necessário que os produtores se conscientizem sobre a importância de se pensar a produção como um sistema, já que há muitos ganhos sistêmicos em detrimento da pequena perda de produtividade”.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ajudou na implantação do sistema integração lavoura-pecuáriafloresta (iLPF) na fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte, de propriedade de Mario Wolf Filho, que acabou substituindo o gado pela soja não só pelo bom momento das cotações dos grãos, mas também pelas próprias dificuldades da pecuária. “Estamos enfrentando um problema grave de degradação das pastagens. Dessa forma, vimos que uma das saídas para a recuperação é a agricultura. Sendo a integração o melhor caminho por questões técnicas e pelo próprio aumento no rendimento”, avalia o produtor, que diz ainda que outros pecuaristas da região tem visitado sua propriedade para ver como funciona a Integração Lavoura Pecuária Floresta, mas ainda mostram um certo receio.

Em função disso no ano passado a Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop, realizou um Simpósio de Produção Integrada em Sistemas Agropecuários (Pisa), que apresentou debates, informações e resultados obtidos nos trabalhos de pesquisa e de transferência de tecnologia relacionados ao Pisa no Brasil, Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e sistemas agroflorestais. Participam do Simpósio pesquisadores, técnicos, acadêmicos e profissionais ligados ao setor agropecuário.

Os debates e palestras objetivaram contextualizar a realidade e os desafios da produção integrada em sistemas agropecuários em diferentes regiões do país. A programação contou ainda com outros temas, como componente florestal em sistemas integrados, alternativas para produção integrada na agricultura familiar, adequação ambiental em propriedades rurais, emissões na agropecuária e fixação de carbono, produção agrícola em sistemas de iLPF, sistemas agroflorestais, silvipastoris e boas práticas em sistemas agropecuários.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Café: Irrigar é preciso

"Molhar" é preciso. Esta afirmação se escutada 30 anos atrás, nos primórdios da cafeicultura do cerrado, causaria espanto e seu autor, por certo teria sua sanidade questionada. Pois irrigar café era algo impensável, tão absurdo que poderia destruir o ímpeto de expansão da cafeicultura na região



A irrigação de então se restringia à produção de hortaliças, sendo utilizada de forma rústica, “molhando” as plantas, distribuindo água através de sulcos feitos na terra, um procedimento rudimentar e pouco técnico, altamente erosivo e degradante do solo.

Foi neste ambiente de pouco conhecimento sobre irrigação que mudanças climáticas, ocorridas a partir do final da década de 80, tiraram o sono dos cafeicultores da região. Afinal, não dava mais para confiar em São Pedro para providenciar, a tempo e a contento, toda a água de que as lavouras precisavam. Diante desta nova realidade, comprovada através de sucessivas e expressivas perdas de produção, o cafeicultor da região, ao se deparar com uma falência financeira eminente, começou a “molhar” seu café, de qualquer forma e a qualquer preço, só se preocupando em “salvar” a safra. Aliviada com a solução encontrada, apesar do aumento dos custos de produção, a cafeicultura regional adquiriu novo fôlego e expandiu sua área de plantio, aumentando a safra e a oferta de café no mercado.

O mercado tem suas leis e o aumento na oferta do produto derrubou os preços e o café entrou em crise. Os preços praticados pelo mercado não mais cobriam os custos de produção, surgiram os conflitos pelo direito de uso da água, escassa em algumas regiões, este cenário associado a uma limitada disponibilidade de energia, não permitia mais apenas “molhar” o cafezal, era preciso irrigar: aplicar somente a água necessária, com o menor custo possível, sem abrir mão do aumento na produtividade. Estava lançado um desafio e as buscas por possíveis soluções sempre conduzia para o uso de novas e modernas tecnologias, que por estarem normalmente contidas nos meios acadêmicos ou em órgãos de pesquisa internacionais, não estavam acessíveis para a grande maioria dos cafeicultores da região.

Foi dentro deste quadro de total instabilidade e apreensão da classe, que em 1995, um grupo de cafeicultores, na época diretores da ACA – Associação dos Cafeicultores de Araguari buscou, através da realização de um simpósio, trazer para o produtor as informações técnicas de que ele precisava para aperfeiçoar sua produção. Mas era preciso mais, o produtor pedia mais e o evento cresceu, surgindo a FeniCafé – Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura: hoje a maior feira de café do BRASIL, mas que ainda prima por buscar e oferecer ao cafeicultor brasileiro todas as informações tecnológicas mundialmente existentes, sejam elas sobre manejo ou sobre materiais disponíveis, subsidiando tomadas de decisão para um correto gerenciamento e escolha do projeto de irrigação, desde a escolha dos materiais, passando pela implantação e finalizando com a otimização do manejo, utilizando o sistema também como ferramenta para adubações e aplicação de defensivos agrícolas de forma econômica e eficiente, tornando-se ambientalmente correta e sustentável.

Hoje o produtor regional, ao contrário do de outras regiões, já não teme a falta de chuvas e pede a São Pedro apenas mansidão e ausência de granizo nas chuvas, pois ele já aprendeu a garantir uma boa florada e uma boa safra.

É com este objetivo e em busca de sonos mais tranquilos que cada vez mais cafeicultores de outras regiões do Brasil e até do exterior, todos os anos visitam Araguari durante a realização da FeniCafé, certos de encontrarem aqui as informações de que precisam para seu aprimoramento tecnológico, condição fundamental e imprescindível para a sobrevivência do produtor rural, neste segmento da agricultura brasileira.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Milho de alta produtividade chega a render mais que soja

Safra de verão do grão em bolsões de excelência do Paraná tem lucratividade 40% maior e ainda beneficia solo para oleaginosa



A alta do preço do milho depois da quebra de safra nos Estados Unidos dá a chance de o produtor paranaense ter um lucro superior ao da soja, por hectare, na colheita de verão. Estimativa do consultor Beto Xavier, da corretora de cereais Betoagro, aponta que o agricultor pode conseguir até 40% mais dinheiro em caixa com o milho do que com a soja nos próximos dois meses, desde que com um plantio de alta tecnologia. Ainda, a rotação de culturas garante uma renovação maior do solo, o que beneficia também a soja.

Xavier aponta a necessidade de colher 180 sacas de milho por hectare para que o lucro seja superior ao de 55 sacas por hectare de soja. Porém, a média no Paraná é de 120 sacas por hectare, segundo a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado (Seab). Para chegar ao resultado 50% maior na safra de verão é necessária alta adubação, sementes de alto potencial e plantio na época correta.

Pelas contas do consultor, o produtor que entregar a safra de milho nos meses de fevereiro e março pode conseguir preço de até R$ 28 por cada uma das 180 sacas, o que rende R$ 5.040 por hectare. Ele estima um custo em R$ 2,4 mil, o que dá R$ 2.640 de lucro. No caso da soja, Xavier afirma que 55 sacas por hectare a R$ 59 geram receita de R$ 3.245, ao gasto de R$ 1,4 mil. Neste caso, o lucro é R$ 1.845. "É preciso lembrar que isso vale apenas para produção (de milho) de alta tecnologia", diz.

Na região de Londrina, a Integrada Cooperativa Industrial informa que agricultores de Mauá da Serra, Apucarana e Tamarana têm condições de contar com 180 sacas por hectare de milho no verão. Isso em áreas acima dos 700 metros do nível do mar e que facilitam o plantio de maior qualidade, segundo o gerente técnico da Integrada, Irineu Baptista. "É uma estimativa (do consultor) dentro da realidade, sem contar que o preço da soja deveria já ter caído nesta época, o que não aconteceu."

Tão relevante quanto a lucratividade para Baptista é a necessidade de se usar o plantio do milho como rotação de cultura à soja. Ele considera pequena a previsão para a safra de verão na região de Londrina porque a maioria dos produtores plantou soja em 100% do espaço, quando 20% deveria ficar para o milho. "Eles poderiam manter uma rentabilidade boa por causa desses preços e aumentariam a matéria orgânica do solo, o que beneficia a próxima safra de soja."

Liquidez

Engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, Juliana Yagushi faz a ressalva de que a média da produção de milho no Paraná é de 120 sacas por hectare, com preço de janeiro fechado ontem em R$ 25,84. Isso equivale a uma receita de R$ 3,1 mil por hectare, ao custo de R$ 2.317. O lucro, na média do Deral, é de R$ 783. Para a soja, ela usa média também menor, de 50 sacas por hectare, ao preço de janeiro de R$ 58,91. O rendimento é de R$ 2.945, com custo de R$ 1.773 e lucro de R$ 1.172. "Mas para quem produz 180 sacas, realmente seria mais lucrativo", diz.

Ela afirma ainda que a plantação de soja é mais resistente do que a de milho e tem maior liquidez, ou seja, é facilmente vendida. "Hoje é que o milho tem esse mercado de exportação, principalmente depois da quebra de safra nos Estados Unidos. Resta saber se vai se manter."

Segundo a engenheira agrônoma, a média de preços do milho foi de R$ 15,40 por saca em 2010, de R$ 22,41 em 2011 e de R$ 23,52 no ano passado, quanto teve pico de R$ 27. "Acredito que não deve cair ao nível de 2010, mas ficar parecido com o de 2012. Depende da previsão da colheita nos EUA, que sai até junho."

No entanto, o gerente técnico da Integrada afirma que o milho passou, sim, a ser um produto de alta liquidez. Baptista diz que, além da exportação, há demanda interna crescente pela necessidade do farelo para a indústria pecuária. "Soja é considerada dinheiro na mão, mas o milho hoje tem um giro muito rápido e aumenta a produtividade do solo", conta.