A produção leiteira enfrenta muitos problemas em sua cadeia produtiva. Um destes problemas é a escolha da raça que melhor se adapte ao manejo e principalmente as condições da propriedade. A genética de bovinos leiteiros tem sido frequentemente foco de discussão, indicando a possibilidade de diferenças produtivas importantes e a necessidade de considerar as peculiaridades de cada sistema de produção e as características dos animais nele inseridos. A produção de leite tem sido baseada principalmente em raças leiteiras especializadas, com predominância das raças Holandesa e Jersey. A composição e quantidade de leite produzido podem ser influenciadas por vários fatores como a raça do animal, o estágio de lactação, a alimentação, a época do ano, a idade dos animais e o número de lactações.
O estudo objetivou comparar a qualidade do leite das raças Jersey e Holandesa nas diferentes estações do ano, mantidas em mesmo regime de tratamento, bem como avaliar a qualidade do leite por estação do ano que se enquadram nos padrões de qualidade atual (IN 62).
Material e Métodos
O estudo foi realizado no Instituto de Desenvolvimento Rural, localizado no município de Augusto Pestana/RS, (Brasil). Os dados foram coletados de março de 2012 a fevereiro de 2014. A alimentação dos animais no período de inverno era a base de pastagem cultivada de aveia e azevém, no verão pastagem de tifton com suplementação com silagem de milho e pré-secado de aveia e azevém, em épocas de vazio forrageiro recebiam feno de tifton e silagem de milho no canzil, também era ofertada sempre após a ordenha ração, conforme a produção em canzil individual.
As amostras individuais da raça Jersey e da raça Holandesa foram coletadas após a ordenha de cada animal, mensalmente. O leite foi transferido diretamente do medidor para frascos de coleta com capacidade para 60 mL de leite, contendo conservante “pronopol”. As amostras eram enviadas ao Laboratório do Leite da UNIVATES de Lajeado/RS, para análise de composição, contagem de células somáticas.
Resultados e Discussão
Os parâmetros de qualidade são cada vez mais utilizados para detecção de falhas nas práticas de manejo, servindo como referência na valorização da matéria-prima. A raça pode influenciar os teores de proteína e gordura no leite, o que pode ser benéfico para o produtor, dependendo da remuneração daqueles componentes pelo laticínio.
Na comparação da qualidade do leite entre as raças neste trabalho, apenas para a gordura no período de inverno não houve diferença entre as raças. Em todos os outros parâmetros descritos na tabela abaixo houve diferença significativa entre as raças dentro das estações do ano.
A raça Jersey é originária de uma pequena ilha, entre a Inglaterra e a França, denominada “Ilha de Jersey”. O leite Jersey contém a maior quantidade de sólidos não gordurosos e gordura, quando comparado com produzido por outras raças leiteiras sendo que quanto mais componentes, mais saboroso e nutritivo é o leite. Por transformar de forma eficiente, as rações e a forragem em produção de leite, o gado Jersey apresenta bom desempenho em instalações comerciais e em programas de pastoreio, requerendo menos área de pasto por vaca. À medida que se aumenta o índice de pastoreio, também aumenta o lucro por hectare.
A raça Holandesa é originária da Holanda setentrional e da Frísia, sendo a principal raça para a produção de leite bovino a nível mundial e amplamente criada em todas as regiões produtoras do sul do Brasil. Embora a raça seja corretamente associada com a produção de leite com os mais baixos teores de gordura e de proteína é importante ressaltar que o mais importante para a indústria são volumes de componentes, e não seus percentuais.
O leite é constituído por 87% de água e elementos sólidos, como lipídios, proteínas, lactose, vitaminas e minerais, 3,9%; 3,4%; 4,8%; 0,8%, respectivamente. Esses elementos são os responsáveis pelo valor nutritivo e pelas propriedades como sabor e cor característica do leite. Todos os teores de qualidade do leite são regidos pela Instrução Normativa 62 (IN 62) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, onde ela diz que para os parâmetros para gordura, proteína e sólidos desengordurados são de 3; 2,9 e 8,4% respectivamente, sendo que para contagem de células somáticas o Rio Grande do Sul no deve ser inferior a 600 mil céls/mL.
A raça Jersey apresentou, nesta pesquisa, valores de médias de contagem de células somáticas, gordura e proteína de acordo com os exigidos pela IN62 nas estações de outono, inverno e primavera. Estando em desacordo com o exigido pela IN62 somente no verão. Já a raça Holandesa obteve médias no outono e inverno de acordo com as exigidas pela IN62; estando as estações de primavera e inverno fora dos valores exigidos pela IN62. Desta forma, torna-se mais difícil para criadores com animais da raça holandesa atenderam a IN62 se não conseguirem manter a sanidade e nutrição do rebanho em índices adequados durante o ano.
Conclusão
Animais da raça holandesa apresentaram qualidade do leite inferior aos animais da raça Jersey ao comparamos a gordura, proteína e contagem de células somáticas pelos parâmetros da Instrução Normativa 62.
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Fontes:
https://www.comprerural.com/estudo-comprova-diferencas-na-qualidade-do-leite-das-vacas-jersey-e-holandesas-veja-qual-e-melhor/
https://www.revistas.unijui.edu.br
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí
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