Manejo racional apresenta pequenos detalhes que podem aumentar o bem-estar do rebanho
Ambiente confortável, manejo tranquilo e sanidade em dia são atributos indispensáveis para impulsionar o gado até o cocho e elevar o consumo. Vários estudos feitos dentro e fora do Brasil já comprovaram que animais calmos ganham mais peso e ainda reduzem o número de lesões, o que evita desperdício para o pecuarista na hora do abate.
A norte-americana doutora em zootecnia Temple Grandine é a maior referência em bem-estar animal e afirma ser vantajosa a relação harmoniosa do criador com o gado:
– Animais calmos ganham mais peso. Existem cerca de dez publicações a esse respeito. Animais estressados antes do abate apresentarão cortes mais escuros e carne mais dura. Fora isso, os animais agitados podem machucar as pessoas e machucar a eles próprios e podem ter hematomas, o que tem custado a indústria milhões de dólares por ano, já que essas partes da carne têm que ser cortadas e descartadas.
No Brasil, em 1934, já se falava em medidas de respeito e proteção aos animais criados para fins econômicos. Mas, de acordo com a especialista, o conceito ainda não foi totalmente incorporado por quem lida com o gado e ainda há muito a ser feito.
– Quando o dono da fazenda ou alguém responsável por fiscalizar está assistindo, o manejo é muito bom. Mas quando a equipe não está sendo supervisionada, ou acha que não está sendo supervisionada, voltam a acontecer os choques e a gritaria. Então um dos grandes problemas é a supervisão.
No confinamento Monte Alegre, no município de Barretos (SP), tudo é pensado para criar um ambiente mais calmo e confortável para o gado desde o manejo no curral de processamento até o conforto térmico na área de engorda. A respeito disso, o pecuarista André Luiz Perrone Reis declarou:
– Esse bem estar é uma preocupação que temos desde a recepção desses animais: a adaptação desses animais ao cocho, a qualidade do processamento – é algo que fez diferença.
As diferenças ficaram evidentes em uma experiência feita com diferentes tamanhos de lotes dentro dos currais de engorda: por dois anos foram comparados dados de ganho de peso de um lote com 220 animais e outro com 120 animais. Segundo o consultor do confinamento, os animais que estavam em lotes menores tiveram melhor desempenho que os outros do lote maior.
– Essa diferença foi da ordem de 4 a 6 % de eficiência pior para os animais que ficaram em lotes maiores. Na prática, a gente via mais competição dentro do curral, formação de subgrupos. À tarde tinha muito mais briga, muita competição por alimento; a dificuldade em estabelecer hierarquia também é maior quando o lote é maior, já que os animais ficam mais acomodados em lotes menores – recomendamos abaixo de 130 bois. – afirma Luciano Morgan, zootecnista.
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