terça-feira, 24 de junho de 2014

Milho e cana: vantagens e desvantagens de cada um

O etanol pode ser produzido a partir da cana-de-açúcar, do milho, da beterraba, da mandioca, da batata e de outras culturas. Mas o biocombustível que tem milho e a cana como matéria-prima se destaca pela elevada produção mundial



Os Estados Unidos produzem etanol de milho e é o maior produtor do mundo com a produção de 50 bilhões de litros por ano. Já o Brasil está em segundo lugar no ranking, com a produção de 23 bilhões de litros anuais a partir da cana-de-açúcar.

Ambos os países são criticados por desenvolver “certa” monocultura para a produção do biocombustível. E ainda, no caso do milho, por usar alimento para a geração de combustível. Mas as criticas são rebatidas. Apenas 20% do milho americano é destinado para a indústria sucroenergética. “Alguns estados americanos – no “corn belt” - produzem mais milho que todo o Brasil”, explica o assessor técnico para a área de cana-de-açúcar e biodiesel da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Alexandro Alves dos Santos. Não muito diferente, o Brasil usa apenas parte da plantação de cana para o processamento de etanol, a outra fração é direcionada para a produção de açúcar.

Mas a maior dificuldade em ambas está nas questões climáticas. Por mais que a tecnologia e a ciência avancem, ainda é difícil prever secas, geadas e chuvas, e como são produtos agrícolas, ambos dependem das condições climáticas para um bom desempenho.

Milho ou cana?

Muito se debate sobre as vantagens e desvantagens da produção de etanol a partir dessas duas matérias-primas. A representante na América do Norte da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Leticia Phillips, afirma que nenhum país no mundo produz etanol com a mesma eficiência obtida pelo Brasil a partir da cana. Mas, mesmo assim, ela mostra vantagens e desvantagens de ambas as produções.

Uma vantagem do etanol brasileiro é a eficiência durante o processo de produção. A cana produz mais biocombustível em uma determinada área. Cálculos da Faeg indicam que um hectare gera oito mil litros de etanol de cana. Já com o milho, no mesmo espaço, são três mil litros.

Um segundo ponto em favor da cana é que as moléculas de açúcar são menores e mais fáceis de ser quebradas. Assim, o tempo de fermentação leva entre 7 e 11 horas. “No caso do milho, é preciso ‘quebrar’ o carboidrato em açúcares para depois fazer a fermentação”, explica Leticia Phillips. O amido é uma célula grande, assim a fermentação necessita de um longo período de tempo, que varia entre 40 e 70 horas.

“O processamento do grão é realizado em duas etapas, enquanto o da cana tem apenas uma, o que faz com que o balanço energético do etanol de cana seja muito maior que o do etanol de milho”, ressalta. Assim, o custo da produção de biocombustível a partir da cana é inferior. Para cada litro de etanol brasileiro são gastos U$0,40, já o do milho é mais caro – custa U$ 0,50.

Além disso, existem outros benefícios. Segundo o assessor técnico Alexandro Alves dos Santos, a cana-de-açúcar permite a otimização do solo, já que em um hectare se produz 90 toneladas. E uma plantação no mesmo espaço territorial de milho resulta em dez toneladas do produto. No Brasil a produção média é de cerca de sete mil litros por hectare. Nos EUA, são 3,8 mil litros por hectare, em média.

E a cana é uma cultura semi-perene, por isso só precisa ser replantada a cada seis anos, o que ajuda na conservação do solo. Diferentemente do grão, que é replantado anualmente.

Os subprodutos da cana também têm um maior valor agregado em comparação aos do milho. “A fertilização do solo da lavoura é realizada com os resíduos do processo de industrialização, como a torta de filtro e a vinhaça”, explica a representante na América do Norte da Unica. Os resíduos do etanol de milho são aproveitados na fabricação de ração animal (Distilled Dried Grains with Solubles -DDGS) e óleo.

O assessor técnico da Faeg destaca a vantagem ambiental no uso do etanol brasileiro. Durante o manejo na lavoura local para a produção de oito unidades de etanol são gastos apenas uma de combustível fóssil. Diferentemente do milho, no qual essa proporção é de 9,2. “O ciclo de vida da cana-de-açúcar ajuda a combater as emissões de gases que causam o efeito estufa quase cinco vezes mais que o milho”, enfatiza Leticia Phillips. Por esse motivo, o etanol de cana é considerado limpo e ecologicamente correto.

Desvantagens

Mas o etanol brasileiro também tem desvantagens em relação ao americano. Para se mensurar, uma tonelada de cana rende 90 litros do biocombustível. A mesma quantidade de milho rende 400 litros, o que representa mais de 344%.

Outra desvantagem do etanol da cana é relacionada à estocagem. O processamento da cana tem que ocorrer no prazo máximo de 24 horas após a colheita, portanto os canaviais precisam ser próximos das usinas. Diferentemente, o milho não precisa ser processado logo após ser colhido. Ele pode ser estocado e, depois, processado.

Devido a essa facilidade, algumas usinas brasileiras no Mato Grosso estão produzindo também o etanol de milho no período de entressafra. Segundo o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool/ MT) uma usina se tornou flex – isso é, produz etanol de cana e de milho.

Na primeira operação foram processados mais de 85 mil toneladas do grão e gerados seis milhões de litros de etanol. A usina começou a moer o milho após o estado atingir uma super-safra, o que derrubou os preços do grão. Na época, o frete era o dobro do valor do produto, que chegou a ser vendido por R$ 7 a saca.

Ajuda mútua

Mesmo com o uso de tecnologias diferentes existe uma cooperação técnica oriunda do Memorando de Entendimento sobre Bicombustíveis, assinado em 2007, pelos então presidentes Bush e Lula. Mais recentemente, em 2011, os presidentes Dilma e Obama expandiram essa cooperação para a área de bicombustíveis de aviação.

Para permitir a troca de tecnologias, a GE abre no Brasil seu quinto Centro de Pesquisas Global. Segundo a líder da área de Sistemas de Bioenergia do Centro de Pesquisas Global da GE no Brasil, Suzana Domingues, o local terá como objetivo principal otimizar os processos de produção do etanol. “Podemos trazer todo o nosso background das nossas unidades em várias partes do mundo, inclusive nos Estados Unidos”, ressalta.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Sindan emite nota sobre proibição da avermectina

Entidade se diz surpreendida pela publicação da Instrução Normativa



As associações de classe estão se posicionando sobre o assunto. Abaixo, a nota na íntegra do presidente do Sindan, Ricardo Pinto:

Referente à Instrução Normativa No. 13 de 29/05/2014, publicada em 30/05 no Diário Oficial da União, que proíbe “a fabricação, manipulação, fracionamento, comercialização, importação e uso de produtos antiparasitários de longa ação que contenham como princípios ativos as lactonas macrocíclicas (avermectinas) para uso veterinário e suscetíveis de emprego na alimentação de todos os animais e insetos”, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan, São Paulo/SP) esclarece o seguinte: 

- O Sindan foi surpreendido pela publicação desta Instrução Normativa e está buscando acesso ao processo administrativo que teria subsidiado a Instrução Normativa, bem como analisando as medidas cabíveis para que, de maneira proativa, possa resguardar os interesses de toda a indústria de saúde animal que venha a ser afetada diretamente pela norma; 

- Os produtos de uso veterinário a base de lactonas macrocíclicas (ivermectina, abamectina, doramectina, moxidectina e eprinomectina) previnem e combatem parasitos internos e externos possibilitando o incremento na produtividade da bovinocultura, sendo utilizadas tanto no Brasil quanto no mundo há mais de 20 anos; 

- Os produtos de uso veterinário a base de lactonas macrocíclicas são devidamente registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, Brasília/DF) e, portanto, comprovadamente seguros e eficazes segundo critérios técnicos e científicos estabelecidos pelo próprio MAPA; 

- Os produtos de uso veterinário a base de lactonas macrocíclicas são utilizados em todo o mundo, dentro das recomendações da indústria de saúde animal, reconhecida pelos representantes da cadeia produtiva de proteína de origem animal como uma ferramenta indispensável para o controle de ectoparasitos que causam bilhões de reais de prejuízos à pecuária nacional.  

- Nas condições tropicais de alta pressão parasitária e do manejo extensivo utilizado no Brasil as lactonas macrocíclicas de longa ação são essenciais à produtividade e competitividade brasileira no mercado local e global de carnes; 

- O Sindan tomou todas as iniciativas e seguiu todas as determinações governamentais no sentido de orientar os produtores e profissionais da área veterinária sobre a aplicação correta dos produtos de uso veterinário a base de lactonas macrocíclicas, seguindo as recomendações de rótulo e bula devidamente aprovadas pelo MAPA; 

- Portanto, o Sindan repudia o teor da Instrução Normativa nº 13 de 2014, reafirmando que adotará as medidas cabíveis para anulação desta Instrução Normativa.

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sexta-feira, 13 de junho de 2014

Agro Exportou US$ 9,66 bilhões em Maio

Após um março com melhora no desempenho das exportações do agro e de um abril estabilizado, em maio as exportações tiveram uma pequena piora no desempenho em relação a maio de 2013



As exportações (US$ 9,66 bilhões) se comparadas com o mesmo período de 2013 (US$ 10,18 bi), diminuíram 5,1%. O saldo na balança do agro de maio foi de US$ 8,24 bi, uma diminuição de 6,9% em relação a maio de 2013, o que teve a contribuição das importações do agro que aumentaram 6,8% no mês.

O valor exportado acumulado no ano (US$ 39,5 bilhões) por sua vez teve queda de 2,2% quando comparado com o mesmo período de 2013 (US$ 40,4 bilhões). O saldo positivo acumulado no ano foi de US$ 32,4 bilhões (2,9% menor que o mesmo período em 2013). Se continuarmos nesse ritmo, fecharíamos 2014 com um montante de apenas US$ 95 bi, porém cabe ter a esperança que o acumulado de janeiro-maio de 2013 tivemos uma exportação de US$ 40,4 bi e fechamos 2013 com a cifra de US$ 99,9 bilhões.
Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram uma queda de 4,7% nas exportações (US$ 11,7 bi em 2013, para US$ 11,1 bi em 2014), o que levou a participação do agronegócio nas exportações brasileiras manter os mesmo patamares que em 2013, chegando ao valor de 46,5% em relação as exportações totais do Brasil, ou seja, o agro foi responsável por quase metade de tudo que o Brasil exportou.

O saldo da balança comercial brasileira ficou baixo, com um superávit de apenas US$ 712 milhões no mês de maio, porém no acumulado do ano teve um grave déficit de US$ 4,85 bilhões. Se não fosse o agronegócio, a balança comercial brasileira teria um déficit de US$ 37,2 bilhões acumulados no ano, ou seja, mais uma vez o agro evitou um desastre maior na economia brasileira.

Neste maio, os 10 campeões no aumento das exportações em relação a 2013 foram respectivamente: café verde (aumentou US$ 105,9 milhões em relação a maio de 2013), farelo de soja (US$ 93,4 mi), carne bovina in natura (US$ 84,2 mi), celulose (US$ 36,0 mi), arroz (US$ 24,8 mi), couros/peles bovinos preparados (US$ 18,0 mi), leite em pó (US$ 17,6 mi), outros couros/peles bovinos curtidos (US$ 16,0 mi), algodão não cardado nem penteado (US$ 10,5 mi) e mel natural (US$ 7,9 mi). Estes 10 juntos foram responsáveis por um aumento de aproximadamente US$ 414,4 milhões nas exportações do agro de maio.

A variação dos preços médios (US$/tonelada) foram as seguintes: mel natural (20,9%), outros couros/peles bovinos curtidos (20,7%), farelo de soja (11,2%), couros/peles bovinos preparados (9,0%), café verde (8,0%), carne bovina in natura (7,5%), algodão não cardado nem penteado (1,6%), leite em pó (-2,6%), celulose (-6,5%) e arroz (-19,8).

Os 10 principais produtos que comparativamente a maio de 2013 diminuíram as exportações e contribuíram negativamente para a meta foram: soja em grãos (queda de US$ 286,4 milhões), fumo não manufaturado (US$ 168,3 mi), açúcar de cana em bruto (US$ 162,6 mi), açúcar refinado (US$ 102,3 mi), carne de frango in natura (US$ 66,6 mi), suco de laranja (US$ 64,2 mi), milho (US$ 49,4), óleo de soja em bruto (US$ 27,7 mi), preparações para elaboração de bebidas (US$ 18,6 mi) e café solúvel (US$ 10,1 mi). Juntos estes produtos contribuíram para a redução nas exportações na ordem de US$ 956,2 milhões.

No cenário dos mercados de destino dos produtos do agro brasileiro, os países que mais cresceram suas importações foram: Estados Unidos (US$ 143,6 milhões a mais que em maio de 2013), Alemanha (US$ 112,3 mi), Turquia (US$ 92,9 mi), Venezuela (US$ 89,3 mi), Espanha (US$ 81,6 mi), Coréia do Sul (US$ 56,1 mi), Tailândia (US$ 49,4 mi) e Itália (US$ 45,3 mi).

O Brasil também perdeu vendas em alguns mercados, com destaque para China (US$ 540,6 milhões a menos que em maio de 2013), Países Baixos (US$ 215,3 mi), Bélgica (US$ 81,7 mi), Taiwan (US$ 67,7 mi), e Irã (US$ 65,9 mi).

Até este momento de 2014, o desempenho das exportações do agro não mostra sinais de crescimento em relação a 2013. Neste maio, viu-se a queda nas importações dos principais países importadores do Brasil em termos de importância financeira, principalmente da China que diminuiu suas importações em aproximadamente meio bilhão em relação a 2013. Mesmo assim, neste mês alguns dos países importantes para o Brasil aumentaram suas importações, como Estados Unidos.

Estamos esperançosos aguardando melhora nos preços de alguns dos principais produtos da pauta e no aumento dos volumes exportados, bem como na recuperação da China nas importações brasileiras. Somado a isso, ainda temos grãos armazenados, a safra de cana de açúcar já começou e temos um dólar no patamar dos R$ 2,30. Ainda dá para chegar nos US$ 100 bi.